terça-feira, 21 de julho de 2009

Ex-presos do Khmer Vermelho relatam horror dos 'campos da morte' comunista

Phork Khan afirmou que se tornou combatente em 1971. "Em Phnom Penh,em 1975, tomei parte na libertação", disse ele. "No começo eu estava bastante contente, mas depois de ver a remoção forçada de pessoas e os tiros indiscriminados contra pessoas por parte dos soldados do Khmer Vermelho, não fiquei satisfeito com essa mudança na situação."


PHNOM PENH (Reuters) - Um ex-combatente do Khmer Vermelho nos anos 1970 contou a uma corte cambojana nesta quarta-feira como suspeitaram que ele era contra o regime de Pol Pot. Preso e espancado até ficar inconsciente, ele acordou embaixo de corpos em um buraco que servia de sepultura.

Phork Khan, de 57 anos, deu o depoimento ao testemunhar no julgamento de Duch, chefe do centro de interrogatório S-21 do Khmer Vermelho em Phnom Penh, que pode ser sentenciado à prisão perpétua se condenado por crimes de guerra, crimes contra a humanidade, tortura e homicídio.

Duch admitiu sua participação em milhares de mortes na prisão, mas diz que estava apenas cumprindo ordens. Ele também questionou a credibilidade de algumas das testemunhas.

Phork Khan afirmou que se tornou combatente em 1971. "Em Phnom Penh,em 1975, tomei parte na libertação", disse ele. "No começo eu estava bastante contente, mas depois de ver a remoção forçada de pessoas e os tiros indiscriminados contra pessoas por parte dos soldados do Khmer Vermelho, não fiquei satisfeito com essa mudança na situação."

Quando o regime começou a expurgar suspeitos de serem dissidentes, ele foi preso em 1978 e enviado para o S-21. "Eles amarraram minhas pernas e braços e me deixaram de cabeça para baixo. Fui chicoteado e não podia me mexer livremente. Eu mal podia suportar a agonia", contou ele.

Certo dia os guardas o levaram para a margem de um buraco no "campo da morte" de Choeung Ek, perto de Phnom Penh.

"Eu não sabia quantos prisioneiros tinham sido mortos depois que fiquei inconsciente. Somente depois de recobrar a consciência eu vi três corpos sobre mim", disse ele ao tribunal.

Mais de 14.000 pessoas morreram na prisão 21. Oito sobreviventes testemunharam até agora sobre sua detenção, apesar de Duch ter duvidado de que todas elas de fato passaram algum tempo lá e um dos juízes levantou algumas dúvidas.

O juiz Nil Nonn observou na terça-feira que Phork Khan não havia mencionado nas declarações antes do julgamento o horror de ter sido enterrado vivo.

Na terça-feira, outro sobrevivente, Lay Chan, disse que havia sido preso por dois meses na S-21 em 1976 e interrogado duas vezes antes de ser libertado. Duch respondeu que ninguém foi solto da S-21 e, portanto, Lay não poderia ter estado lá.

Duch, cujo nome verdadeiro é Kaing Guek Eav, é o primeiro de cinco líderes presos do Khmer Rouge a enfrentar o tribunal.

"O Irmão Número 1" Pol Pot, cujo regime caiu em 1979,quando o Camboja foi invadido pelo Vietnã, morreu em 1998 perto da fronteira do Camboja com a Tailândia.

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