quinta-feira, 7 de maio de 2009

O ócio dos governantes

Tenho a impressão de que cada vez que os Presidentes dos países latinos americanos se reúnem com o Presidente dos Estados Unidos da América é para pedir algo ou queixarem-se de algo. Quase sempre é para culpar os Estados Unidos por nossos males do passado, do presente e do futuro e eu não creio que isto seja justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades muito antes que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades daquele país. Como também não podemos esquecer que neste continente, como no mundo inteiro, por volta de 1750 todos os americanos, inclusive os da América do Sul e Central, e também os povos do extremo oriente eram igualmente pobres.

Quando apareceu a revolução industrial na Inglaterra, outros países seguiram esta tendência, assim a Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Nova Zelândia. Esta mesma revolução industrial também passou pela América Latina, mas nós não nos demos conta, certamente perdemos a oportunidade por aquela época. Ficamos discutindo que tipo de governo seria ideal para nos guiar enquanto guerras civis destruíram nossas nações.

Também há uma diferença muito grande. Lendo sobre a história da América Latina comparada com a dos Estados Unidos podemos compreender que em toda a América Espanhola ou Portuguesa não existiu uma pessoa como um John Winthrop que trazia uma Bíblia em suas mãos estando disposto a construir “uma cidade sobre a colina”, uma cidade que brilha, como pretendiam os peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.

Em 1950 o México era mais rico que Portugal, o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que a Coréia do Sul e faz 60 anos que Honduras tinha mais receita per capita que Singapura. Logo pode-se deduzir que nós, os latinos americanos, fizemos algo de errado. Mas qual foi o mal que fizemos a nós mesmos? Poderia enumerar muitas coisas que fizemos de errado, mas a verdadeira culpa está naquilo que nós deixamos de fazer. Para começar, a média de escolaridade nos países latinos é de 7 anos. No Brasil, assim como no restante da América Latina, de cada 10 estudantes que entram na escola secundária apenas um termina seus estudos. E este não é o caso dos países asiáticos, muito menos dos países europeus nem dos Estados Unidos e Canadá.

Assim como no Brasil, os demais países da América Latina possuem a maior carga tributária do mundo, em média chega a 12% do PIB, e a culpa por esta alta tributação não é do imperialismo que vem de fora e sim de nós mesmo, considerando que tributar renda de gente pobre é o que nós fazemos de melhor.

Em 1950, cada cidadão Estadunidense era em média três vezes mais rico que um cidadão Latino. Hoje este média é de 20 vezes e isto não é culpa nos Estados Unidos senão nossa mesma.

Hoje percebo que os únicos valores que ainda preservamos do século passado, e que me parece equivocado, são aqueles que fazem com que países da América Latina dediquem mais de 50 bilhões de dólares em armas modernas. Mas vem sempre a questão: quem são nossos inimigos? Nossos inimigos são as desigualdades que nossos governantes apontam com tanta perspicácia, mas falham na luta contra estas mesmas desigualdades. Nosso verdadeiro inimigo está na falta de educação, na falta de saúde de nosso povo, na falta de infraestrutura em nossas estradas, portos e aeroportos. Nosso verdadeiro crime é não deter a degradação do meio ambiente que é resultante da desigualdade social, a ponto de nos envergonhar quando vemos que tipo de sociedade está sendo deixada para nossa descendência.

Numa conversa com nossos estudantes universitários e até mesmo do ensino fundamental nos parece que estamos vivendo nos anos 60 ou 70. Tenho a desconfiança de que poucos sabem que o muro de Berlin caiu em 9 de novembro de 1989. Poucos sabem que mundo mudou.

Temos que aceitar que existem mundos distintos e por isto penso que a maioria dos acadêmicos, dos economistas e historiadores também pensa desta forma, menos os Latinos Americanos e principalmente sua classe política. E isto é lamentável, porque perdemos muito tempo discutindo ideologias, seguimos falando sobre “ismos” (capitalismo, comunismo, socialismo, neoliberalismo, qual destes seria melhor?). Os asiáticos encontraram um “ismo” muito realista para estes tempos atuais, que é o pragmatismo. Só para lembrar um exemplo, recordemos quando Deng Xiaoping visitou Singapura e a Coréia do sul, depois de haver-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam ficando ricos rapidamente, regressou a Pequim e disse a seus camaradas maoístas “Bem, na verdade, queridos camaradas, não me importa se o gato é preto ou branco desde que ele pegue ratos”.
Enquanto a China promoveu uma verdadeira revolução econômica crescendo a taxa de até 15% ao ano, tirando mais de 300 milhões de pessoas da pobreza, temos tanto no Brasil quanto em toda a America Latina que seguir discutindo ideologias que deveriam ter sido esquecidas a muito tempo atrás.

Liberdade é ter direito a preconceitos

Liberdade é ter direito a preconceitos. Não gosto de aviões, comida japonesa, comunistas, jazz, solo de saxofone, presidentes semi-analfabetos, especialista em vinhos, pão com gergelim e gente que faz passeata pela paz.

No Brasil do politicamente correto nem banco de praça passa incólume ao crivo da `isenção´: se for feito para sentar, não para deitar, ganha a pecha de antimendigo.

Fonte: O País dos Petralhas - Reinaldo Azevedo.

Sobre o neoliberalismo

Neoliberais são aquelas pessoas que aceitam o Estado gigante, previdenciário e regulador de tudo. Em resumo, socialistas, mas que sabem que as leis de mercado não podem ser abolidas. Gente como FHC e a social-democracia européia, como Angela Merkel. Essa gente sabe que precisa administrar a moeda e as finanças públicas respeitando as leis econômicas, mas querem fazer do Estado um instrumento de distribuição de renda. O problema é que a inércia dos gastos públicos é inadministrável. Chega uma hora que o edifício desaba. Estamos vendo isso acontecer agora. A crise atual é a falência do neoliberalismo socialista. O PT não é neoliberal porque desacredita nas leis de mercado, achando que pode fazer o que quiser com a moeda e o gasto público. Nesse sentido, Obama também não é neoliberal. Como o PT, Obama é um socialista radical.

O evangelho segundo Maquiavel

Quando lemos o Novo Testamento, vejo Jesus recusando ajuda de Pilatos, chamando Herodes de raposa, dizendo aos líderes religiosos que eles falavam uma coisa e faziam outra. Ao grande teólogo Nicodemos, Ele disse que não precisava jogar confetes, mas sim nascer de novo. Aconselhou aos discípulos que não fizessem como os filhos dos reinos deste mundo, no sentido de busca de poder terreno. Vejo João Batista perdendo a cabeça literalmente, porque não modificou sua mensagem para agradar ao rei Herodes. O Apóstolo Paulo, ficou dois anos atrás das grades em Cesaréia porque não quis pagar suborno para o governador da judéia.

Mas, e hoje como estamos? O Cristianismo se tornou uma poderosa potestade deste mundo. A mais poderosa delas. De fato, quando se tornou religião no quarto século, o Cristianismo entrou num mundo no qual nenhuma religião até então havia penetrado com tanta força. Nesses dois mil anos de dominação cristã no Ocidente vimos “uma fé”, aliás, a fé ser diluída, corrompida, deformada e metamorfoseada em outra coisa que nega a essência original.

Não é apenas uma questão de forma, trata-se de algo muito mais visceral ainda e que penetra o âmago daquilo que um dia foi a fé em Jesus.
Foram dois mil anos de busca desenfreada do poder, de privilégios, de controle de reis e de príncipes, de usos e abusos da máquina pública em seu próprio favor, sempre aliando-se ao lado que haveria de vencer. O Cristianismo sempre encontra um meio de abençoar o tirano; pode até reagir no início, mas sempre se rende depois.

E foram todas as intervenções que o Cristianismo fez. Desde bênçãos, aos mais macabros projetos de “conquistas”, às mais inconcebíveis perseguições dos direitos individuais, sempre em nome de sua moral cristã, supostamente superior a do resto da humanidade. O sexo foi o escolhido para ser o pior pecado, por isso, empunham a bandeira em nome da moral e dos bons costumes, enquanto se vê muitos se fantasiaram de cardeais, arcebispos, bispos, sacerdotes e pastores a fim de se esconderem… enquanto faziam suas próprias maldades contra o próximo. “Controle” é a palavra. Controle dos homens pelo medo, pelas punições eternas e temporais; e controle pela manipulação da devoção, transformando o medo em piedade e os terrores eternos em suposto temor a Deus.

O maior golpe de todos foi a instituição da “Igreja” como representante dos desígnios divinos na Terra. Conseguiram essa façanha no passado e continuam a conseguir até hoje. É impressionante, mas o povo pensa que quem se veste de sacerdotes, pastores, bispos, ou de qualquer outra fantasia sacerdotal… representam Deus. O pior é que o povo crê e isso é trágico.

No Brasil atual, vemos uma das mais sofisticadas formas de expressão dessa força do Cristianismo em plena manifestação. É verdade que esse Poder Maior gerou — até pela inveja e pelo desejo de obter parte de seu poder — uma legião de filhotes da mesma natureza. Na verdade, uma sofisticada forma de adaptação do Cristianismo aos poderes deste mundo. Está vencendo a Igreja Católica. Também já deixou pra trás todos os concorrentes americanos.

Estamos assistindo a um surgimento de uma máquina religiosa. Máquina como nunca antes se havia criado. Máquina de comunicação, de manipulação do sagrado, de venda de favores divinos, de acorrentamento das pessoas ao poder que reside no “Lugar”, e de transformação do rebanho num “rebanho”.

Se as coisas continuarem assim…O atrelamento aos poderes políticos é tão profundo que já não resta a isenção, que é filha da sinceridade, para com o Evangelho — e só para com o Evangelho — a fim de compartilhar o Evangelho do Reino com as nações da Terra.

Também nesse sentido, devemos dizer que os evangélicos conseguiram o que sempre desejaram: ser mais poderosos. Hoje pode-se dizer que os evangélicos têm poder. E aqui eu não estou preocupado em separar nada dentro desse pacote. Não há mais porque separar uma coisa da outra, dividindo o grupo em subgrupos, etc. De fato, é tudo a mesma coisa, e o que os une é a fixação pelo poder.

O problema é que Jesus disse “…o meu reino não é deste mundo…”

Então, assim estamos, cheios de influências, próximos do poder, usufruindo dele, fazendo barganhas, levando vantagem, enriquecendo, assustando o mundo com a nossa falta de caráter, e nos tornando parte da Grande Babilônia. Repito: o Cristianismo prostituído é parte da Grande Babilônia, ajudará a Besta e se unirá em voz ao Falso Profeta.

A Igreja que sobreviverá a tais tempos é a mesma que sobreviveu em todos os tempos: aquela que é salva pela terra quando a fúria do Dragão se manifesta:
“…então a terra salvou a mulher que estava para dar a luz…” diz o Apocalipse.

A verdadeira Igreja é salva porque ela não está tão disponível assim aos sentidos históricos, como fenômeno. Sabe-se dela, mas ela não sucumbiu à rigidez das forças do poder. Daí ela estar presente, porém com grande capacidade de se espalhar pela Terra. A verdadeira Igreja sabe que quanto mais poder tiver entre os homens, menos poder terá no Espírito.
A verdadeira Igreja sabe que o poder fica perfeito na fraqueza.
A verdadeira Igreja quer se parecer com Jesus e não sonha para si nenhum futuro de conquista da Terra e de seus poderes.

O Cristianismo de hoje é um total sucesso. Seu patrono não é Cristo é Maquiavel.

Quem quiser ser discípulo, siga a Jesus de Nazaré. O único problema é que com Ele a gente não aprende as maldades tão necessárias para que se possa ser um líder cristão bem-sucedido.

Porque o que fazem hoje é usar o nome de Jesus para enganar, tendo Maquiavel como mentor.