terça-feira, 24 de agosto de 2010

Lula acredita que Deus é brasileiro


Sejam quais forem as evidências que ele queira enfileirar sobre os progressos dos últimos anos da economia brasileira e das condições de vida da população ? e seria pueril, ou desonesto, negá-los?, Lula fala do Brasil, 75.º colocado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como se fosse uma Noruega.

Convidado pelo Financial Times (FT) de Londres a fazer uma avaliação do seu governo e a antecipar o que pretende fazer depois de deixar o Planalto, no primeiro dia de 2011, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com um artigo de 700 palavras, publicado ontem em um suplemento especial sobre o Brasil.

Trata-se de uma versão comparativamente austera, como convém aos textos do mais influente diário econômico do mundo, da exuberante teoria do "nunca antes na história deste País", complementada pela promessa de "continuar a contribuir para a melhora da qualidade de vida das pessoas" ? desta vez no mundo inteiro.

Mas a megalomania se livra dos arreios quando, para justificar o seu intento de fazer pelos latino-americanos, caribenhos e africanos o que se vangloria de ter feito pelos brasileiros, Lula não deixa por menos: "Não podemos ser uma ilha de prosperidade cercada por um mar de pobreza e injustiça social."

Sejam quais forem as evidências que ele queira enfileirar sobre os progressos dos últimos anos da economia brasileira e das condições de vida da população ? e seria pueril, ou desonesto, negá-los?, Lula fala do Brasil, 75.º colocado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como se fosse uma Noruega.

O país nórdico lidera o ranking criado pelas Nações Unidas e gasta proporcionalmente mais do que qualquer outro país em ajuda externa. Na realidade, já descontados os Estados Unidos e o Canadá, 16 países do Hemisfério têm um IDH melhor que o brasileiro.

Como era de esperar, Lula credita exclusivamente ao seu governo o fato de o Brasil sangrar em saúde. O que veio antes foi como se não tivesse existido, ou, quando existiu, foi contraproducente. "Devolvemos o crescimento a uma economia de há muito estagnada", alardeia, "e o fizemos mantendo a inflação sob controle, reduzindo a relação entre a dívida e o PIB e reconstruindo as funções reguladoras do Estado brasileiro."

O papel, como se diz, aceita tudo. Nem a conjuntura internacional excepcionalmente favorável a exportadores de produtos primários e insumos, como é o Brasil, nem, muito menos, a decisão de Lula de se apropriar da "herança maldita" do governo Fernando Henrique, na esfera macroeconômica, precisam ser reconhecidas ? o que não há de ter escapado àquela parcela dos leitores do Financial Times que sabe que a história do País não começou quando o atual presidente chegou ao Planalto.

Além de se atribuir a paternidade pelo "novo Brasil", título do caderno especial do FT, Lula fez pelo menos 2 gols em impedimento, na esperança de que os árbitros estivessem olhando para o outro lado. A afirmação sobre a reconstrução das funções reguladoras do Estado nacional é mais do que falsa. O que o lulismo tem feito com as agências reguladoras é privá-las de sua autonomia e manipular a sua composição para atender aos interesses do governo e seus aliados políticos e politiqueiros. A isso se chama destruir e não reconstruir.

O leitor distraído pode tomar pelo valor de face o que Lula escolheu dizer sobre a transformação material do País, mas os investidores sabem perfeitamente quanto há de embromação nas seguintes palavras: "Pusemos em marcha um processo poderoso de melhorar nossa infraestrutura (?). Como parte disso, estamos eliminando os gargalos que afetavam nossa competitividade no passado ? o que costuma ser chamado "custo Brasil"."

Lula reconhece "os enormes desafios pela frente", a começar da pobreza ainda significativa, a insuficiência do sistema de educação, além da droga e da violência. E menciona em seguida a necessidade das reformas tributária e político-eleitoral. Estas últimas "não podem esperar mais", sob pena de "comprometer a continuidade dos avanços de que desfrutamos nos anos recentes".

O presidente fala como se tivesse dado o melhor de si, ao longo desses 7 anos, para mudar as regras do jogo político. Não apenas não o fez ? e ao não fazê-lo permitiu que prevalecessem no Congresso os interesses dos que querem que tudo permaneça como está ?, como ainda tirou proveito da fragmentada e reduzida representatividade do sistema de partidos para formar a sua enxundiosa base parlamentar, vitaminada pelo mensalão.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O jornalista Franklin Martins manifestou publicamente seu entusiasmo pelas teses que conspiram contra os fundamentos mais elementares de sua profissão


“É falsa e nociva a manifestação do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, sobre as declarações do nosso candidato José Serra em defesa do livre fluxo de informações.

“As liberdades de imprensa e de informações não são dádivas de governo. São conquistas da sociedade brasileira, imperativos constitucionais indissociáveis do Estado Democrático de Direito. O PT tem investido contra elas desde o início do atual governo. As ações do ministro Franklin Martins as têm ameaçado desde o início de sua gestão.

“Se a imprensa no Brasil é livre e cumpre sua missão, deve isso não ao governo e a seu partido, o PT, mas à derrota e à rejeição das ameaças contra a liberdade de expressão expostas no Plano Nacional de Direitos Humanos III e no primeiro da série de programas de governo registrados pela candidata do PT, Dilma Rousseff, no Tribunal Superior Eleitoral.

“Além, é claro, das conferências nacionais, em que um punhado de militantes pretendendo falar em nome da sociedade, que não lhes deu tal delegação, propõe o controle social da mídia e a criação de instâncias punitivas para os que não se submetam aos seus ditames.

“Jornalista, o ministro Franklin Martins já manifestou publicamente seu entusiasmo pelas teses que conspiram contra os fundamentos mais elementares de sua profissão. Sua nota, pois, desmente a si mesmo”.

“Sérgio Guerra
“Presidente do PSDB”.

Será que Deus é o culpado de tudo?

É triste como cremos em tudo que os Jornais e a TV dizem, mas duvidamos da Bíblia, ou do que a sua religião, que você diz que segue ensina.
A filha de Billy Graham estava sendo entrevistada no Early Show e Jane Clayson perguntou: 'Como é que Deus teria permitido algo horroroso assim acontecer no dia 11 de setembro?'
Anne Graham deu a seguinte resposta:
'Eu creio que Deus ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós.
Por muitos anos temos dito para Deus não interferir em nossas escolhas, sair do nosso governo e sair de nossas vidas.
Sendo um cavalheiro, creio que Deus calmamente nos deixou.
Como poderemos esperar que Deus nos dê a sua benção e a sua proteção se nós exigimos que Ele não se envolvesse mais conosco?'
À vista de tantos acontecimentos recentes; ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, etc... Eu creio que tudo começou desde que Madeline Murray O'hare (que foi assassinada), se queixou de que era impróprio se fazer oração nas escolas Americanas como se fazia tradicionalmente, e nós concordamos com a sua opinião.
Depois disso, alguém disse que seria melhor também não ler mais a Bíblia nas escolas...
A Bíblia que nos ensina que não devemos matar ou roubar, devemos também amar o nosso próximo como a nós mesmos.
Logo depois o Dr.. Benjamin Spock disse que não deveríamos repreender nossos filhos quando eles se comportassem mal, porque suas personalidades em formação ficariam distorcidas e poderíamos prejudicar sua auto estima (o filho dele se suicidou) e nós dissemos: 'Um perito nesse assunto deve saber o que está falando'.
E então concordamos com ele.
Depois alguém disse que os professores e diretores das escolas não deveriam disciplinar os alunos quando se comportassem mal (há diferença entre disciplinar e tocar).
Aí, alguém sugeriu que deveríamos deixar que nossas filhas fizessem aborto, se elas assim o quisessem.
E nós aceitamos sem ao menos questionar.
Então foi dito que deveríamos dar aos nossos filhos tantas camisinhas, quantas eles quisessem para que eles pudessem se divertir à vontade.
E nós dissemos: 'Está bem!'
Então alguém sugeriu que imprimíssemos revistas com fotografias de mulheres nuas, e disséssemos que isto é uma coisa sadia e uma apreciação natural do corpo feminino.
E nós dissemos: 'Está bem, isto é democracia, e eles tem o direito de ter liberdade de se expressar e fazer isso'.
Depois outra pessoa levou isso um passo mais adiante e publicou fotos de crianças nuas e foi mais além ainda, colocando-as à disposição da internet.
Agora nós estamos nos perguntando porque nossos filhos não têm consciência e porque não sabem distinguir o bem e o mal, o certo e o errado; porque não lhes incomoda matar pessoas estranhas ou seus próprios colegas de classe ou a si próprios...
Provavelmente, se nós analisarmos seriamente, iremos facilmente compreender:
Nós colhemos aquilo que semeamos!!!
Uma menina escreveu um bilhetinho para Deus: 'Senhor, porque não salvaste aquela criança na escola?'
A resposta dele: 'Querida criança, não me deixam entrar nas escolas!!!'
É triste como as pessoas simplesmente culpam a Deus e não entendem porque o mundo está indo a passos largos para o inferno.
É triste como cremos em tudo que os Jornais e a TV dizem, mas duvidamos da Bíblia, ou do que a sua religião, que você diz que segue ensina.
É triste como alguém diz: 'Eu creio em Deus'.
Mas ainda assim segue a satanás, que, por sinal, também ''Crê'' em Deus.
É engraçado como somos rápidos para julgar, mas não queremos ser julgados!
Como podemos enviar centenas de piadas pelo e-mail, e elas se espalham como fogo, mas, quando tentamos enviar algum e-mail falando de Deus, as pessoas têm medo de compartilhar e reenviá-los a outros!
É triste ver como o material imoral, obsceno e vulgar corre livremente na internet, mas uma discussão pública a respeito de Deus é suprimida rapidamente na escola e no trabalho.
Você mesmo pode não querer reenviar esta mensagem a muitos de sua lista de endereços porque você não tem certeza a respeito de como a receberão, ou do que pensarão a seu respeito, por lhes ter enviado.
Não é verdade?
Gozado que nós nos preocupamos mais com o que as outras pessoas pensam a nosso respeito do que com o que Deus pensa...
'Garanto que Ele que enxerga tudo em nosso coração está torcendo para que você, no seu livre arbítrio, envie estas palavras a outras pessoas'.

domingo, 15 de agosto de 2010

Gramsci e a ideologia do partido do príncipe

O moderno esquerdista brasileiro, essa contradição em termos, esse Jeca Tatu com laptop, tem ainda em Antonio Gramsci a sua principal referência.

O comunista italiano é o parasita do amarelão ideológico nativo. Parte da nossa anêmica eficiência na educação, na cultura, no serviço público e até na imprensa se deve a essa ancilostomose democrática. Já viram aquele comercial na TV de um desodorizador de ambiente em que um garoto bem chatinho, com o dedo em riste, escande as sílabas para a sua mamãe: "eu que-ro fa-zer co-cô na ca-sa do Pe-drrri-nho"? Costuma ir ao ar na hora do jantar. Para a esquerda, Gramsci é a "ca-sa do Pe-drrri-nho" da utopia. E, também nesse caso, o odor mitigado não muda a matéria de que é feito.
Como a obra de Gramsci ficou na grelha da empulhação um pouco mais do que a de Lenin, chega à mesa do debate com menos sangue e disfarça a sua vigarice. Acreditem: a revolução da qualidade na educação, por exemplo, é mais uma questão de vermífugo ideológico do que de verba.
Na minha fase esquerdista-do-miolo-mole, dizia tratar-se de uma "covardia conveniente que passa por tática, em tempos de guerra, e de uma bravura inútil que passa por estratégia, em tempos de paz". A tirada é sagaz, mas inexata: Gramsci é um perigo na guerra ou na paz. E estão aí o PT e a nova "TV Pública" para prová-lo.
Gramsci é a principal referência do marxismo no século passado. É dono de uma vasta obra, quase a totalidade escrita na cadeia, para onde foi mandado pelo fascismo, em 1926. Entre 1929 e 1935, escreveu seus apontamentos em 33 cadernos escolares, os tais Cadernos do Cárcere, com publicação póstuma. No Brasil, foram editados em seis volumes pela Civilização Brasileira, com organização de Carlos Nelson Coutinho. Explico o meu susto. O protesto dos "ideólogos" fazia referência a um texto irrelevante, que está no Caderno 12, em que o autor trata dos intelectuais e da educação. Na edição brasileira, encontra-se no volume 2, entre as páginas 32 e 53.
Ali, Gramsci desenvolve o conceito de "escola unitária", uma de suas muitas e variadas estrovengas autoritárias. Segundo o seu modelo, seis de um período de dez anos seriam dedicados à educação que fundisse o ensino universalista com o técnico – por isso os "ideólogos" protestaram. Garanto que preferiram ignorar o trecho em que ele antevê a escola como um internato destinado a alguns alunos previamente selecionados. O autor pensava a educação – e todo o resto – como prática revolucionária, parte da militância socialista. Para ele, a construção da hegemonia de um partido operário supõe uma permanente guerra de valores que rompa os laços da sociedade tradicional. Esses seus estudantes seriam a vanguarda a diluir as fronteiras entre o mundo intelectual e o do trabalho, a serviço do socialismo.
A influência gramsciana decaiu muito nos anos 60 e 70, com a revolução cubana, os movimentos de libertação africanos e a revolta estudantil francesa de 1968. Toda a sua teoria se sustenta na suposição, verdadeira, de que a sociedade chamada burguesa é dotada de fissuras que comportam a militância de esquerda. O que se entendia por revolução – a bolchevique – era um modelo que havia se esgotado na Rússia de 1917. As novas (de seu tempo) condições da Europa supunham outra perspectiva revolucionária.
Fidel Castro, a África insurrecta e o 68 francês reacenderam nas esquerdas do mundo o sonho do levante armado. E elas deram um piparote em Gramsci, em sua teoria da contaminação. No Brasil, derrotadas pelo golpe militar de 1964, partiram para a luta armada. A vitória das ditaduras e a Europa conservadora, termidoriana, pós-revolta estudantil, trouxeram Gramsci de volta. Concluiu-se que não era mais possível derrotar o capitalismo por meio da luta armada. Era preciso corroê-lo por dentro, explorar as suas contradições, construir a hegemonia de um partido de forma paulatina. Voltava-se à política como verminose. Não por acaso, um dos textos vitais na formação do PT é de autoria de Coutinho. Chama-se "A democracia como valor universal". É de 1979. A tese é formidável: sem democracia, não há socialismo, como se não estivéssemos diante de um paradoxo. No ano seguinte, Lula fundava o seu partido sobre o seguinte binômio: "socialismo e democracia".
Admiradores da obra de Gramsci se irritam quando afirmo que o PT é, na essência, gramsciano. Entendo. Um partido que usa cueca como casa de câmbio; que chegou a ter como gramáticos da nova aurora Silvinho Pereira e Delúbio Soares; que é comandado por uma casta sindical com todas as características de uma nova classe social, folgazã e chegada a prebendas, convenham, parece feito de matéria ainda mais ordinária. Não tenho por Gramsci o apreço que eles têm. Ao autor cabe o epíteto de teórico da "ditadura perfeita", uma expressão do escritor peruano Vargas Llosa.
A síntese do pensamento gramsciano está expressa no Caderno 13, volume 3 da edição brasileira. Trata-se de notas sobre o pensador florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527), aquele de O Príncipe. Para Gramsci, o príncipe moderno (de sua época) era um partido político. Leiam: "O moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa (...) que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio moderno Príncipe (...). O Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume".
Ninguém conseguiu, incluindo os teóricos fascistas que ele combatia, ser tão profundo na defesa de uma teoria totalitária como Gramsci nessa passagem. Observem que se trata de aniquilar qualquer sistema moral. Toda verdade passa a ser instrumental. Até a definição do que é virtuoso e do que é criminoso atende às necessidades do partido. O sistema supõe a destruição do indivíduo e de sua capacidade de julgar fora dos parâmetros definidos pelo aparelho, que toma "o lugar, nas consciências, da divindade e do imperativo categórico". Para Gramsci, como se vê, não há diferença entre política e abdução.
O PT é, sim, gramsciano. Chegou lá? É o Moderno Príncipe, ainda que tropicalizado? Não. Luta para sê-lo e deu passos importantes nessa direção. Volto aos "ideólogos" de que fala Claudio de Moura Castro. A educação brasileira foi corroída pela tal perspectiva dita "libertadora" e anti-capitalista. Ela não é ruim porque falta dinheiro, mas porque deixa de ensinar português e matemática e prefere libertar as crianças do jugo capitalista com suas aulas de "cidadania". O proselitismo se estende ao terceiro grau e fabrica idiotas incapazes de ver o mundo fora da perspectiva do Moderno Príncipe.
Gramsci também falava de um certo "bloco histórico", uma confluência de aspectos políticos, econômicos e culturais que, num dado momento, formam uma plataforma estável, que dá fisionomia a um país. Esse partido que busca essa hegemonia, que pretende ser o "imperativo categórico", está na contramão do mundo contemporâneo e das próprias virtudes da economia brasileira, que lhe permitem governar com razoável estabilidade. Por isso, não consegue executar o seu projeto. Mas o país também não sai do impasse: nem naufraga nem se alevanta. A exemplo de um organismo tomado pela verminose, vê consumida boa parte de suas energias e de suas chances de futuro alimentando os parasitas. Enquanto isso, os gramscianos vão nos prometendo que ainda ocuparemos o troninho da "ca-sa do Pe-drrri-nho".

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Chamado de 'otário' em vídeo por Lula e Cabra, Leandro quer Lap Top

Primeiro, o rapaz reclama da ausência de uma quadra de tênis no local, e Lula diz que isso é "esporte da burguesia". Leandro conta que precisou consultar o dicionário para entender o recado. "Acho que ele quis dizer que é coisa de gente rica."




Um favelado de Manguinhos, Rio de Janeiro, Leandro dos Santos de Paula tem o costume de filmar quando encontra personalidades. Neste caso ele conseguiu conversar com o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral que visitavam obras do PAC em dezembro de 2009.
Leandro reclama da ausência de uma quadra de tênis no local. Lula diz que isso é “esporte da burguesia”. Leandro conta que precisou consultar o dicionário para entender o que é isso. “Acho que ele quis dizer que é coisa de gente rica.”, disse o rapaz a Folha de São Paulo.
O presidente pergunta por que ele não “nada”. Ao ouvir que a piscina fica fechada, Lula diz a Cabral: “O dia que a imprensa vier aí e vir isso fechado, o prejuízo político é infinitamente maior do que colocar dois guardas aí”.
Leandro reclama então do barulho do “Caveirão”, o blindado da Polícia, em sua rua. Cabral o interrompe e pergunta se “lá não tem tráfico não”. Quando o jovem diz que não, o governador rebate: “Deixa de ser otário, está fazendo discurso de otário”.
Assista e veja como se comporta o político “na vida real”, ou seja, quando acha que não está sendo filmado e portanto não precisa fingir ser o que não é.

Desde aquele dia, o jovem persegue Cabral em eventos. Pede que o governador cumpra a promessa, feita no palanque no mesmo dia da gravação, de lhe dar um laptop.
Na quinta-feira da semana passada, Leandro aguardava Cabral no Shopping Leblon, a cerca de 20 km de sua casa, para cobrar a dívida.
Abordou Benedita da Silva, candidata a deputada, que em vídeo gravado por ele confirma a promessa. Ela também estava no palanque e, segundo Leandro, anotou seu telefone e endereço.
Foi no shopping que conheceu Ricardo Gama, blogueiro crítico a Cabral e que apoia o candidato Fernando Peregrino (PR), lançado por Anthony Garotinho.
O jovem contou que tinha filmado a visita com uma pequena câmera que costuma carregar. O blogueiro viu as imagens e pôs em seu site.
Leandro diz não ter vinculações político-partidárias, como acusa Cabral. O vídeo do governador divide espaço da memória da câmera com fotos do jovem com artistas.

Respostas infalíveis

A democracia, tornou-se a unanimidade das mentes iluminadas que nos guiam, consiste portanto numa assembléia de esquerdistas que se xingam uns aos outros de direitistas.

O aparato político-ideológico da esquerda conseguiu dominar tão bem o universo mental da nacionalidade que já ninguém, dentro do território pátrio, pode desviar-se um só milímetro da semântica oficial.
Em 2002, tivemos uma disputa presidencial entre quatro candidatos que em uníssono alardeavam a condição de esquerdistas como o seu mais elevado título de glória. Tão perfeita homogeneidade ideológica, que nem mesmo os militares tinham ousado impor ao cenário político nacional, só se vira, antes, nas eleições soviéticas ou chinesas, mas a "grande mídia" inteira fez questão de abafar a estranheza do fenômeno e, com aquela mistura de cinismo e estupidez genuína que tão bem a caracteriza, celebrou o pleito como uma apoteose da democracia.
Em 2006, o candidato tido como de direita por seu adversário rejeitava esse rótulo e, provando-se bom menino, evitava qualquer demonstração de anti-esquerdismo, por tímida que fosse. O simples fato de que ele tampouco se declarasse esquerdista foi aceito universalmente como prova cabal de "pluralismo". Quod erat demonstrandum.
Finalmente, em 2010, chegamos ao ponto em que todas as precauções retóricas já se revelam desnecessárias: o próprio presidente da República sente-se à vontade para proclamar a completa ausência de direitistas entre os candidatos à sucessão como sinal de perfeição democrática. A democracia, segundo S. Excia. e a unanimidade das mentes iluminadas que nos guiam, consiste portanto numa assembléia de esquerdistas que se xingam uns aos outros de direitistas. That's all. Que mais se poderia desejar? Toda aspiração diversa é extremismo, saudades da ditadura, racismo, fanatismo genocida ou, como na velha União Soviética, sintoma de desequilíbrio mental. Um momento. Eu disse "aspiração"? Não é preciso nem isso. Basta que você, sem nenhuma divergência ideológica, se sinta um pouco incomodado com a aliança PT-Farc, e todo o repertório dos insultos autoprobantes será despejado sobre a sua cabeça, sem que lhe reste, diante de tão irrespondíveis argumentos, senão o último recurso dos bate-bocas infantis: macaquear a ofensa, chamar o acusador de direitista.
Se a administração estatal logrou controlar a economia ao ponto de emitir notas fiscais antes que algum comerciante tenha a ousadia de fazê-lo, o aparato político-ideológico da esquerda conseguiu dominar tão bem o universo mental da nacionalidade que já ninguém, dentro do território pátrio, pode desviar-se um só milímetro da semântica oficial, ou ao menos não pode fazê-lo sem o sentimento constrangedor de ter cometido uma gafe imperdoável, talvez um crime hediondo.
Para maior felicidade geral, o fato de que esse estado de coisas coincida, no tempo, com a prosperidade dos grandes grupos econômicos que têm negócios com o governo é festejado como prova de sucesso do capitalismo nacional, embora, na ciência econômica e no são entendimento humano, ele defina precisamente o socialismo. Mas os brasileiros já se habituaram tão confortavelmente a chamar as coisas pelos nomes inversos que já nem reparam nesse detalhe. Por exemplo: decorridos vinte anos da fundação do Foro de São Paulo, o fato de que esse monstrengo domine uma dúzia de países e ocupe a presidência da OEA é evidência irrefutável de que ele é apenas um bando de velhinhos saudosistas, sem força ou periculosidade que mereçam atenção. Experimente lançar dúvida sobre essa certeza augusta num encontro de empresários, e agüente, se puder, os olhares de desprezo.
Nada, nenhuma demonstração lógica, evidência factual ou desgraça espetacular - nem mesmo a tragédia rotineira dos cinqüenta mil brasileiros assassinados por ano -- parece capaz de despertar as nossas classes rechonchudas do seu otimismo beócio, sustentado nos quatro pilares da ortodoxia elegante, quatro fórmulas infalíveis que a tudo respondem como se tivessem saído fresquinhas da oficina literária de Bouvard e Pécuchet:
1. "Lula mudou."
2. "O comunismo acabou."
3. "Direita e esquerda não existem."
4. "Você quer voltar aos tempos da Guerra Fria."
Quem, diante de tamanha sapiência, ousaria discutir?

Por : Olavo de Carvalho

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Advogado de iraniana foge para a Turquia e pede asilo

“Se Lula está de fato comprometido com os direitos humanos e com esse caso, deveria oferecer asilo a Mostafaei. Com isso, mostraria que não estava blefando”, disse ao Estado a ativista Mina Ahadi, que lidera uma campanha internacional contra a pena de morte e apedrejamento de mulheres no Irã.

E deu no o Estadão: Um dos advogados da iraniana Sakineh Ashtiani foi detido ontem pelo serviço turco de imigração, ao cruzar a fronteira do Irã com a Turquia. Mohammad Mostafaei foi obrigado a fugir de Teerã há cinco dias, depois que sua família foi presa.
As Nações Unidas confirmaram que Mostafaei apresentou um pedido formal de asilo às autoridades turcas, o que abre a possibilidade de a ONU buscar um terceiro país para o qual ele seria levado em caráter definitivo.
Grupos de defesa de Sakineh Ashtiani, condenada à morte no Irã, pedem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que receba o advogado. “Se Lula está de fato comprometido com os direitos humanos e com esse caso, deveria oferecer asilo a Mostafaei. Com isso, mostraria que não estava blefando”, disse ao Estado a ativista Mina Ahadi, que lidera uma campanha internacional contra a pena de morte e apedrejamento de mulheres no Irã.
“Pedimos ao governo brasileiro que tome uma iniciativa concreta nesse caso, como uma prova de que não estava apenas usando o caso de Ashtiani para ganhar votos internamente”, disse a ativista.
Confirmação. Ontem (03/08/2010), a Corte de Teerã realizou a última audiência sobre o caso da iraniana, na qual a condenação à morte foi confirmada. O tribunal ainda definirá se ela será enforcada, sentença para assassinato, ou apedrejada, tipo de execução destinado às adúlteras pela Justiça iraniana.
Ativistas da Anistia Internacional denunciam a perseguição ao advogado - conhecido por sua luta pelos direitos humanos - como uma tentativa de “intimidação de promotores dos direitos básicos”.
A ONG londrina de direitos humanos Human Rights Watch considerou o incidente um “assédio” promovido pelo governo iraniano. Segundo a organização, Teerã teria a intenção de enfraquecer a atuação de defensores de direitos humanos como Mostafaei dentro do território iraniano.
Abrigo. Ainda ontem, as Nações Unidas deram início a uma série de consultas a seus Estados-membros para saber da disposição dos governos para receber Mostafaei.
“Estamos monitorando o caso bem de perto”, disse Metin Corabatir, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) na Turquia. Conforme a agência de notícias Associated Press, iranianos não precisam de visto para entrar na Turquia e Mostafaei teria sido detido por “problemas no passaporte”.
“Todos os canais estão abertos para que Mostafaei possa se candidatar a receber refúgio no exterior”, declarou Corabatir à agência de notícias Associated Press, em Ancara, capital da Turquia.
A Noruega foi uma das nações que mostrou disposição para receber o defensor dos direitos humanos. Outros países europeus se manifestaram preocupados com a situação do advogado e pediram à ONU uma solução rápida para o caso.
Na segunda-feira, o sogro e o cunhado de Mostafaei foram libertados da prisão onde eram mantidos em Teerã. A mulher do advogado continua detida pelos órgãos de segurança do governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Há quatro dias, a filha do casal comemorou seu sétimo aniversário, sem os pais.
Para lembrar
Antes de chegar à Turquia, o advogado Mohammad Mostafaei esteve desaparecido desde o dia 23, depois de ter sido interrogado por autoridades iranianas no presídio de Evin, em Teerã, de acordo com a ONG Anistia Internacional. Além de defender a iraniana Sakineh Ashtiani, ele mantinha um blog na internet no qual pedia o fim da prática do apedrejamento. O advogado defendeu outras 13 pessoas condenadas à morte por apedrejamento no Irã, das quais 10 estão em liberdade, e ofereceu-se voluntariamente para cuidar do caso de Sakineh.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Herói do comunismo é sentenciado a 30 anos de cadeia

Apoiado pela China o Khmer Vermelho aboliu as marcas do "imperialismo ocidental"como a religião, as escolas e a moeda. E esvaziou cidades para enviar seus habitantes para fazendas coletivas no campo. Cerca de dois milhões de cambojanos, um quarto da população, morreram de exaustão, fome, doenças ou tortura e execuções ordenadas durante uma vasta perseguição em favor de um mundo melhor em nome da doença chamada socialismo


26 Jul 2010 (AFP) -Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, que administrou a sinistra prisão S-21 em Phnom Penh, onde 15 mil pessoas foram torturadas em nome do comunismo, foi condenado nesta segunda-feira a 30 anos de prisão por um tribunal da ONU.
Seguem os principais elementos sobre os acontecimentos históricos, as acusações e o lento processo até o julgamento dos responsáveis.
O movimento revolucionário do Khmer Vermelho tomou o poder no Camboja em 17 de abril de 1975. O novo regime, dirigido por Pol Pot e apoiado pela China, aboliu a religião, as escolas e a moeda e esvaziou as cidades para enviar seus habitantes para fazendas coletivas no campo. Cerca de dois milhões de cambojanos, um quarto da população, morreram de exaustão, fome, doenças ou tortura e em execuções ordenadas durante uma vasta perseguição.
O Khmer Vermelho foi expulso do poder em 7 de janeiro de 1979 pelas forças de Hanói aliadas a ex-membros do movimento que desertou no Vietnã, como Hun Sen, atual primeiro-ministro. Os Khmer se convertem em rebeldes no norte e no oeste do país, com o apoio militar de Pequim seus aliados.
O movimento acabou em meados dos anos noventa. Pol Pot morreu em 1998 e escapou da justiça, como outros protagonistas importantes que morreram posteriormente, como Son Sen e Ta Mok.
Em 1997, o governo cambojano pediu ajuda à ONU para levar ante a justiça os altos ex-dirigentes do regime Khmer Vermelho. Em 2003, firmaram um acordo para a criação de um tribunal cambojano com participação internacional. Esse tribunal, formado em 2006 en Phnom Penh (Câmara Especial nos Tribunais do Camboja, o CETC, sigla em inglês), é uma jurisdição híbrida que tem três línguas de trabalho (khmer, inglês e francês), e deve respeitar complexos procedimentos que incluem as normas internacionais.
O procedimento se caracterizou por atrasos e acusações de interferência do governo cambojano, atrito entre magistrados nacionais e estrangeiros e dificuldades financeiras, além de acusações de corrupção.
Para o processo, foram excluídas as penas de morte e as indenizações financeiras aos sobreviventes.
Além de Duch, quatro dirigentes do Khmer Vermelho devem ser julgados a partir de 2011: o "Irmão número 2", Nuon Chea (84 anos), ideólogo e ex-braço direito de Pol Pot; o ex-ministro das Relações Exteriores Ieng Sary (84 anos) e sua esposa Ieng Thirit (78 anos) e o ex-chefe de Estado Khieu Samphan (78 anos). Os acusados estão detidos em um edifício próximo ao tribunal.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

PT, Farc e a imprensa "pelega"

Só no Brasil as estatísticas revelam 50 mil homicídios por ano. O PT tem dado apoio diplomático e logístico aos facínoras das FARC. Pela lei cúmplices de criminosos são também criminosos.

Foi preciso que José Serra e seu vice, Índio da Costa, fizessem declarações peremptórias sobre a ligação do PT com as FARC para que a notícia finalmente ganhasse a página principal dos grandes jornais paulistas. O segredo de Polichinelo foi finalmente revelado. Até o Foro de São Paulo foi comentado pelo Estadão de hoje. Não dá mais para a imprensa mentir descaradamente sobre esse fato maiúsculo.

Sublinho, caro leitor, que ambos os jornais paulistas ─ Folha de São Paulo e Estadão ─ ainda assim fizeram das falas dos políticos a manchete, como se estes faltassem com a verdade ou estivessem fazendo escândalo por pouca coisa. Ora, a manchete relevante é que o partido governante está mancomunado e associado aos maiores produtores e traficantes mundiais de cocaína, que fazem também uma guerra civil na Colômbia e provocam um morticínio monstruoso associado a essa indústria da morte. Só no Brasil as estatísticas revelam 50 mil homicídios por ano. O PT tem dado apoio diplomático e logístico aos facínoras das FARC. Pela lei cúmplices de criminosos são também criminosos.

Não por acaso o Brasil virou um dos maiores consumidores mundiais de cocaína durante o governo Lula e seu território tornou-se corredor de passagem para a exportação da droga em larga escala para o resto do mundo.

Bem fez o candidato José Serra ao propor um ministério da Segurança Pública, dispondo de uma força policial bem armada e fardada com as mesmas atribuições da Polícia Federal. É preciso evitar, a todo custo, que os governos regionais do Brasil sejam tomados pelos traficantes, como aconteceu com o México, cujas dramáticas conseqüências têm sido noticiadas pela imprensa internacional. O banditismo em larga escala tomou conta das ruas mexicanas.

Acredito que a campanha do PSDB/DEM fez muito bem em salientar o tema. Os brasileiros têm o direito de saber que Lula, o PT e demais partidos da corriola governante são cúmplices de traficantes e servem de aparato diplomático que limita ou impede um combate mais eficaz às FARC, notadamente por parte da Colômbia e dos EUA. Esse tema, sozinho, é capaz de mobilizar o eleitorado contra a candidata do PT, Dilma Rousseff. Serra poderá ganhar as eleições se for implacável na denúncia desse conluio espúrio, que tem determinado a ação de nossa diplomacia em todos os fóruns mundiais.

Nossos jornais, todavia, ignoraram o tema por anos a fio. São parte do problema, viraram os grandes eleitores de Lula nas duas últimas eleições, escondendo o fato mais relevante. São também cúmplices da aliança PT/FARC. Ainda na edição de hoje podemos ver o fato nas manchetes escrito com má fé. Os suspeitos são os políticos que falam do assunto, não aqueles que praticam o mal feito, ou seja, o PT e sua laia.

Antes de Brasiguaios, Brasileiros

A falta de respeito com os nossos cidadãos brasileiros que ajudaram e ainda ajudam a construir o progresso do Paraguai é patente e a falta de uma postura do Governo Brasileiro a esse respeito beira às raias da irresponsabilidade.

Assistido à reportagem que veiculou na manhã de domingo 18/07, na Rede Globo de Televisão no programa Globo Rural e que depois se repetiu na manhã de segunda 19/07 no programa Bom Dia MS tomei conhecimento da existência de um grupo de retirante que estão abandonando o vizinho Estado do Paraguai e se amontoando nas margens da BR 163, no município de Itaquiraí/MS.
Já tinha ouvido algo a respeito mas, confesso, que ao assistir a reportagem da Globo uma tristeza invadiu minh’alma e acredito que não fui o único cidadão brasileiro a ficar indignado a respeito de um assunto que a meu ver merece a nossa solidariedade e uma atenção especial de nossas autoridades constituídas, razão pela qual resolvi, a despeito de minha pouca sapiência acerca do assunto, redigir essas apertadas linhas.
Não bastasse todos os inconvenientes causados pelo contrabando de arma, tráfico de droga, disseminação de focos de doenças que afetam nosso rebanho e por sonsequência nossa economia, dentre outros malefícios oriundos da omissão deliberada de algumas autoridades do país vizinho, estamos sendo vítimas também de desrespeitos aos direitos humanos fundamentais de nossos nacionais que vivem e trabalham naquele país.
Falo de nossos corajosos irmãos brasileiros ou “brasiguaios” como são conhecidos que, por razões de uma conjuntura política e econômica adversa, num passado não muito distante, se enveredaram por um país desconhecido e selvagem em busca de terras produtivas para construir um sonho que aos poucos foi se transformando em um terrível pesadelo.
E a causa maior não só da minha, mas, acredito que também da sua indignação é o fato de que essas pessoas, que de fato tinham e têm uma autêntica vocação para o trabalho rural, ao contrário de muitos que são agraciados com lotes da nossa cambaleante reforma agrária, jogaram fora a melhor parte de sua vida produtiva ajudando a construir riquezas alheias e hoje se vêem obrigados a fugir de suas propriedades como se fossem marginais.
E o que é mais degradante, quando chegam ao seu país de origem, sem nome, sem terra, sem casa e sem causa, são amontoados como se fossem um bando de flagelados às margens de uma rodovia, sob barracos de lona e passam a viver de favores de um incerto programa social patrocinado pelo governo, vendo seus filhos sendo obrigados a morar e estudar sob um barrado de lona, motivado por uma professora, diga-se de passagem, entusiasmada, diante dos limitadíssimos recursos necessários para atender à sua nobre e bela missão de ensinar.
Penso que essas pessoas deveriam ser tratadas com mais dignidade pelo Estado Brasileiro no seu retorno, como não o foram pelo Estado Paraguaio. Que ao retornar para o seu país de origem, fossem melhor recebidos do que na realizadade estão sendo. Tenho certeza de que estrangeiros em situações semelhantes, exilados políticos que o país acolhe e os que são assistidos por programas humanitários dos quais o Brasil é signatário são tratados de forma mais adequada.
Digo isso sem fazer uma comparação com outros países como Japão, Itália e Alemanha dentre outros que adotam políticas de tratamento especial aos seus cidadãos e aos descendentes de seus antepassados que foram obrigados a deixar a sua pátria em alguma situações adversa qualquer que aconteceu no passado.
A falta de respeito com os nossos cidadãos brasileiros que ajudaram e ainda ajudam a construir o progresso do Paraguai é patente e a falta de uma postura do Governo Brasileiro a esse respeito beira às raias da irresponsabilidade.
Em que pese ser o Paraguai uma nação soberana, não se pode olvidar que em fazendo parte de um bloco político importante como o Mercosul, pode-se exigir do Governo Paraguai um postura mais sensata.
Por outro lado, essa soberania, não está acima dos limites e das garantias básicas que encerram os direitos humanos do povos, capitaneado no direito à vida; à liberdade e ao respeito ao direito de propriedade que, a nenhum país por mais soberano que seja é dado elidir.
A exigência de uma postura mais enérgica da diplomacia brasileira é uma medida que se impõe. Exigir do país vizinho que respeite os direitos mais básicos de nossos cidadãos assim como respeitamos os direitos não só dos paraguaios que aqui residem, mas, de todos os estrangeiros que vivem sob a égide de nossa soberania.
Que os próximos governantes e legisladores que serão eleitos e reeleitos em outubro próximo futuro, olhem com mais carinho para esses heróis anônimos, sem direito a medalhas e aos despojos da guerra inglória que travaram em território alheio, para que eles possam, por ocasião do seu retorno á sua pátria amada serem tratados com o mínimo de dignidade, pois é o mínimo que o exercício da cidadania exige e que o cidadão merece.


Messias Furtado de Souza
Delegado de Polícia
Fátima do Sul - MS

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A transgressão consagrada

Seria o mais popular dos presidentes brasileiros capaz de eleger a candidata tida como um poste? Seria o seu formidável carisma suficiente para impedir que ela naufragasse por seus próprios méritos, por assim dizer? Perguntas pertinentes ? e enganadoras.

Luiz Inácio Lula da Silva entrará para a história das eleições presidenciais brasileiras sob o Estado Democrático de Direito pela desfaçatez sem paralelo com que se conduz. Ele não apenas colocou os recursos de poder próprios do cargo que exerce à disposição de sua candidata ? escolhida, de resto, por um ato de vontade imperial ?, como ainda assume ostensivamente o abuso e disso se jacta.

A demolição das leis e das instituições destinadas a separar Estado, governo e campanhas políticas não se fez em um dia. Lula começou a pensar no segundo mandato, e a se guiar rigorosamente por essa meta, mal tirou a faixa recebida do antecessor em 1.º de janeiro de 2003? se não antes. E começou a pensar no nome do sucessor, e a subordinar a administração federal aos seus cálculos eleitorais, tão logo descartou definitivamente, decerto ao concluir que se tratava de uma aventura de desfecho incerto, a possibilidade de um terceiro período no Planalto.

Depois que os dois grandes escândalos do lulismo ? o mensalão e a perseguição a um caseiro ? excluíram da lista dos presidenciáveis do presidente os cabeças de seu governo, José Dirceu e Antonio Palocci, a solitária decisão de lançar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, com experiência zero em competições pelo voto popular, embutia uma consequência que só o seu patrono poderia barrar. Desde que, bem entendido, tivesse ele um mínimo de apreço pelos valores republicanos dos quais fala de boca cheia.

A consequência, evidentemente, era a conversão do Estado e do governo em materiais de construção da campanha dilmista ? numa escala e com uma intensidade que talvez fossem menos extremadas se o candidato se chamasse Dirceu ou Palocci. Diga-se o que se queira deles, um e outro têm bagagem partidária e milhagem na rota das urnas bastantes para não depender, tanto quanto Dilma, do sistemático abuso de poder do chefe (ou, no caso dela, chefe e criador). Em outras palavras, a fragilidade eleitoral intrínseca da ex-ministra clamava pelo vale-tudo para ser neutralizada ? e não seria Lula quem deixaria de fazê-lo.

Assim que ele bateu o martelo em seu favor, aflorou no mundo político e na imprensa a questão da transferência de votos. Seria o mais popular dos presidentes brasileiros capaz de eleger a candidata tida como um poste? Seria o seu formidável carisma suficiente para impedir que ela naufragasse por seus próprios méritos, por assim dizer? Perguntas pertinentes ? e enganadoras. Do modo como foram formuladas, tendem a fazer crer que os eventuais efeitos, em 3 de outubro, do poder de persuasão de Lula independem da sua gana de atrelar o comando do Executivo aos seus interesses eleitorais.

É bem verdade que Lula chegou lá da primeira vez (na quarta tentativa) concorrendo pela oposição. Mas, em 2002, o desejo de mudança que ele encarnava provavelmente prevaleceria ainda que o então presidente Fernando Henrique, com a mesma falta de escrúpulos que o sucessor exibiria, transformasse o seu gabinete em quartel-general da campanha do candidato José Serra. Agora, chega a ser intrigante, nas análises políticas, a dissociação entre o uso da popularidade de Lula e a sua desmesurada desenvoltura em entrelaçá-lo com o abuso de sua posição.

Não foi por falta de aviso. Já não bastassem as transgressões que cometia ao carregar Dilma nos ombros presidenciais para cima e para baixo, ele anunciou no congresso do PT, em maio passado, que a sua prioridade este ano ? como presidente da República ? era eleger a sua protegida. Para quem tem a caradura de escarnecer tão desbragadamente do decoro político elementar, nada mais natural do que proclamar que sabe que transgride a lei e nem por isso deixará de transgredi-la.

Foi o que fez anteontem em um evento oficial na sede temporária do governo, numa dependência do Banco do Brasil. "Eu nem poderia falar o nome dela (Dilma) porque tem um processo eleitoral", reconheceu, "mas a história (da alegada atuação da ministra no projeto do trem-bala) a gente também não pode esconder por causa de eleição." Sob medida para os telejornais e o horário de propaganda.

Perto disso, que diferença fará uma multa a mais?

O Estado de S.Paulo


segunda-feira, 7 de junho de 2010

A militância política é antidemocrática

As próximas eleições presidenciais vão opor, numa disputa desigual, as armas da política revolucionária às da política "profissional". Estas últimas consistem apenas nos meios usuais de propaganda eleitoral, enquanto as daquela abrangem o domínio sistêmico de todos os meios disponíveis de ação sobre a sociedade: o político "profissional" tem a seu favor apenas os eleitores

U
m dos traços constantes da vida brasileira é a coexistência de dois tipos de política heterogêneos e incomunicáveis: de um lado, a política "profissional" cuja única finalidade é o acesso a cargos públicos, compreendidos como posições privilegiadas para a conquista de benefícios pessoais ou grupais (acompanhados ou não de boas intenções de governo); de outro, a política revolucionária, empenhada na conquista do poder total sobre a sociedade e na introdução de mudanças estruturais irreversíveis. A segunda usa ocasionalmente os instrumentos da primeira, mas sobretudo cria os seus próprios, desconhecidos dela. Os "movimentos sociais", o adestramento de formidáveis massas militantes dispostas a tudo, a ocupação de espaços não só na administração federal mas em todas as áreas estrategicamente vitais e, last not least, a conquista da hegemonia cultural estão entre esses instrumentos, que para o político "profissional" são distantes e até incompreensíveis, tão obsessiva e autocastradora é a sua concentração na mera disputa de cargos eleitorais.

As próximas eleições presidenciais vão opor, numa disputa desigual, as armas da política revolucionária às da política "profissional". Estas últimas consistem apenas nos meios usuais de propaganda eleitoral, enquanto as daquela abrangem o domínio sistêmico de todos os meios disponíveis de ação sobre a sociedade:o político "profissional" tem a seu favor apenas os eleitores, que se manifestam uma vez a cada quatro anos e depois o esquecem ou passam a odiá-lo. O revolucionário tem a vasta militância organizada, devotada a uma luta diária e constante,pronta a matar e morrer por aquele que personifica as suas aspirações.

Nas últimas décadas a expansão maciça da política revolucionária colocou os políticos "profissionais" numa posição de impotência quase absoluta, que reduz a praticamente nada as vantagens de uma eventual vitória nas eleições.

Se eleito, o Sr. Jose Serra terá de comandar uma máquina estatal dominada de alto a baixo pelos seus adversários, a começar pelos oito juízes lulistas do Supremo Tribunal Federal. O PT e seus partidos aliados comandam, além disso, uma rede de organizações militantes com alguns milhões de membros devotos, prontos a ocupar as ruas gritando slogans contra o novo presidente ao primeiro chamado de seus líderes. Comandam também o operariado de todas as indústrias estratégicas e a rede de acampamentos do MST espalhados ao longo de todas as principais rodovias federais e estaduais: podem paralisar o país inteiro da noite para o dia. Reinam, ademais sobre um ambiente psicossocial inteiramente seduzido pelos seus estereótipos e palavras de ordem, a que nem mesmo seus mais enfezados inimigos ousam se opor frontalmente.

Somente a política revolucionária entende o que é o poder na sua acepção substantiva. O velho tipo do político "profissional" entende apenas a disputa de cargos, confunde o mandato legal com a posse efetiva do poder. Sem militância, sem ocupação de espaços, sem guerra cultural, não há domínio do poder. Fernando Collor de Mello pagou caro por ignorar essa distinção elementar: Confiou na iniciativa espontânea de seus eleitores - massa espalhada e amorfa, incapaz de fazer face à força organizada da militância.

Não vejo no horizonte o menor sinal de que os adeptos do Sr. José Serra tenham aprendido a lição: hipnotizados pela esperança da vitória eleitoral, não vêem que tudo o que estão querendo é colocar na presidência um homem isolado, sem apoio militante, escorado tão somente na força difusa e simbólica da "opinião pública" -- um homem que, à menor sombra de deslize, terá contra si o ódio da militância revolucionária explodindo nas ruas e será varrido do cenário político com a mesma facilidade com que o foi o ex-presidente Collor.

Há pelo menos vinte anos venho advertindo aos próceres antipetistas que o voto, ainda que avassaladoramente majoritário, não garante ninguém no poder: o que garante é militância, é massa organizada, disposta a apoiar o eleito não só no breve instante do voto mas todos os dias e por todos os meios. Vejam a situação da governadora do Rio Grande do Sul e entenderão o que estou dizendo: quando a oposição se vangloriou de ter "varrido o PT do Estado gaúcho", não percebeu que o expulsara somente de um cargo público.

Não desprezo as vitórias eleitorais, mas sei que, por si, elas nada decidem a longo prazo. E não vejo que, até agora, as forças de oposição tenham tomado consciência disso.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Os piratas da paz

Uma Flotilha da Liberdade jamais tentará aportar no Irã, na Coréia do Norte ou em Havana. Há pouco tempo, os turcos ameaçavam romper com Israel se não recebessem armas israelenses que compraram.


O choque entre a marinha israelense e a Flotilha da Liberdade levantou ondas de protesto e indignação no mundo e imediato tsunami condenatório sobre Israel. Mas a maré está baixando e emergem algumas verdades que naufragaram sob o peso do coro dos pacifistas - na verdade, piratas da paz. A primeira verdade: rejeitados apelos e propostas para evitar o confronto, já que a Flotilha da Liberdade estava decidida a furar o bloqueio militar, comandos israelenses começaram a descer por corda de um helicóptero no navio turco Mavi Marmara. Um a um, os soldados foram recebidos pelos militantes dos direitos humanos a golpes de barra de ferro, facadas e pauladas. Um foi jogado ao mar. De outro retiraram o fuzil. Um linchamento, contido a tiros.

A segunda verdade: Israel se deixou cair na armadilha. A Flotilha da Liberdade, organizada pelo movimento Gaza Livre e a ONG turca Insani Yardim Vakfi, dispunha de um canal aberto pelos israelenses para levar sua ajuda humanitária até Gaza. Só ancorar em Ashdod, passar pela alfândega e seguir pela estrada, tão curta que os mísseis do Hamas a atravessam inteira. Mas não: Bülent Yildrim, o humanitário-pacifista-chefe turco, é amigão de Ismail Haniya, o chefão do Hamas. Aos dois conviriam alguns mártires. E agora eles os exibem ao mundo.

A terceira verdade. Por que abordar a Flotilha da Liberdade? Esta era uma pergunta que se fazia ontem em Israel, país de tantos estrategistas de guerra quantos de técnicos de futebol no Brasil. A marinha poderia simplesmente bloquear o caminho. Ante alguma insistência, elevar o tom: um disparo de advertência. Teimosia? Acertar as máquinas dos navios e deixá-los singrar a esmo nas turbulentas águas políticas do Oriente Médio.

Yasser Arafat também quis navegar contra Israel. Em 1988, batizou um navio de O Retorno e o lotou de refugiados palestinos. O serviço secreto israelense o esperou ancorar em Chipre, escala também da Flotilha da Liberdade, e o sabotou ao ponto de só navegar a remo. Ironia do destino: Arafat partiu para o exílio num navio chamado Atlântida, o continente e sua Palestina perdidos. Uma opção final seria deixar um só dos seis navios ir até Gaza, sob escolta, sem considerar um precedente aberto.

A quarta verdade. Foi um massacre: durante o dia inteiro, o tsunami contra Israel rendeu bandeiras queimadas, protestos diante de embaixadas, passeatas, declarações oficiais de protesto e deixou até o nosso chanceler Celso Amorim "chocado", ele que não se abala com os mortos de Teerã e nem de Cuba. Os israelenses sempre perdem a guerra de Hasbará, palavra hebraica para esclarecimento. Quando pensam em esclarecer, o barulho da maioria automática do mundo árabe os sufoca. Em qualquer situação, serão culpados.

Uma Flotilha da Liberdade jamais tentará aportar no Irã, na Coréia do Norte ou em Havana. Há pouco tempo, os turcos ameaçavam romper com Israel se não recebessem armas israelenses que compraram.

São as contradições israelenses. Uma é armar o seu próprio inimigo. Outra: ontem à noite, membros do Conselho de Segurança da ONU pediram que Israel acabe com o bloqueio a Gaza - e foi o que Israel fez, exatamente, em 2005, para então virar o alvo de uma chuva constante de mísseis contra sua população civil - e daí o bloqueio e a Flotilha da Liberdade.

sábado, 22 de maio de 2010

O imigrante e a depressão

A experiência de migrar é marcante o suficiente para mudar os referenciais no indivíduo, a experiência de ser um imigrante é extremamente complexa e significantemente transformadora, o contato com uma nova cultura e a necessidade em reafirmar sua identidade nem sempre acaba resultando em experiências positivas e construtoras para muitos imigrantes.


“Síndrome de Ulisses”, assim que foi batizada uma nova doença do foro psicológico que esta afetando cada vez mais imigrantes na Europa e Estados Unidos, o nome veio de um livro escrito na forma de romance publicado nos anos 90 que retrata a vida dos imigrantes em Paris.
Entretanto o fenômeno é mundial, uma vez que a rotina de muitos imigrantes tem sido a mesma em diversos países que se tornaram destino de imigrantes de diversas nacionalidades. Em qualquer país de mundo, os imigrantes vêem-se obrigados a viver, muitas vezes, em clandestinidade e expostos a problemas legais e econômicos, estas situações acabam por levar a diferentes sintomas, nomeadamente a depressão, ansiedade, nervosismo, insônias e irritabilidade.
A experiência de migrar é marcante o suficiente para mudar os referenciais no indivíduo, a experiência de ser um imigrante é extremamente complexa e significantemente transformadora, o contato com uma nova cultura e a necessidade em reafirmar sua identidade nem sempre acaba resultando em experiências positivas e construtoras para muitos imigrantes.
A depressão entre imigrantes brasileiros tem a mesma origem entre imigrantes de outras nacionalidades, os motivos são os mesmo, excesso de trabalho, poucas horas de sono, o psicológico sendo afetado pela perda da identidade, da auto-estima e solidão.
Para a psicoterapeuta Sandra Ferreira, que trabalha com pacientes com distúrbios psicólogos, crianças autistas e pessoas em crise existencial, em sua clínica Holística em Newton - MA, a depressão é o pior problema dos nossos dias, principalmente entre os imigrantes.
Segundo a teoria holística, aplicada pela psicoterapeuta, uma pessoa é um todo indivisível, onde físico, o mental, o psicológico e o espiritual são apenas diferentes aspectos deste mesmo indivíduo. Para Sandra estes aspectos são indivisíveis e interagem mutuamente e por isto, devem ser entendidos e tratados como um todo para que o indivíduo alcance o equilíbrio é que conhecido como saúde e bem estar. As técnicas utilizadas por Sandra em seu consultório em Newton variam desde uma sessão convencional (com técnicas verbais como exploração dos problemas e sentimentos envolvidos, interpretação de sonhos) e técnicas não verbais (musica-terapia, relaxamento e Florais de Bach e hipnose. Enfim, todas as técnicas utilizadas são discutidas, o cliente é detalhadamente avaliado e então elas são delineadas conforme cada caso.
Em uma entrevista concedida ao Jornal Brazilian Extra, a psico-terapêuta falou sobre a depressão e a perda de identidade que acontecem no processo migratório.
Extra :O excesso de cobrança que o imigrante impões a ele mesmo pode contribuir para o desenvolvimento da depressão?
Sandra : É um dos fatores, porque muitas vezes o imigrante não reavalia as mudanças que ocorrem em seu meio e isto contribui para o agravamento do estado depressivo, as cobranças que foram estabelecidas quando ele não tinha uma noção realista do que seria a vida em um determinado antes de migrarem. Quem sabe ele ou ela só precisem repensar suas metas e redefini-las de acordo com a nova realidade que ele ou ela está enfrentando, nunca se esquecendo, é claro de cuidar da sua saúde.
Extra : Como o imigrante pode lidar com os reveses?
Sandra : Os revezes não significam um fracasso como pessoa, ele não terá mais ou menos valor como pessoa caso tenha fracassado ou não em suas metas.
Extra : Você sabe de algum caso de imigrantes que retornaram a seus países de origem e não se adaptaram a realidade que encontraram?
Sandra : Conheço inúmeros casos. Algumas pessoas vão e voltam várias vezes (quando podem), até se convencerem de que elas mudaram muito com a experiência de imigração. As que se reajustam num lugar ou em outro, são aquelas que assumem isso e que elas tem que construir novas formas de ser feliz, onde quer que estejam.
Extra : Quais os sinais que o imigrante deve estar atento e que denunciam a depressão?
Sandra : A depressão pode começar com alterações no sono, no apetite, no interesse em fazer coisas que antes davam prazer ao indivíduo, irritabilidade, tonturas, ânsia de vômito, cansaço e falta de motivação. Aí pode se estender a disfunções sexuais (falta de interesse sexual por um período prolongado), ansiedade até chegar a um desinteresse pela vida.
Extra : Existe alguma terapia que o imigrante pode fazer para minimizar os efeitos da depressão?
Sandra : É muito importante planejar seu dia de forma que o indivíduo tenha horários regulares de refeição e de sono. Oito horas de sono por dia são a média saudável para manter sua saúde física e mental. Sem comida, bastante água e uma rotina regular de sono, qualquer pessoa está sujeita a contrair doenças físicas e atingir diferentes níveis de desequilíbrio mental.
Extra : Nossa comunidade tem sido palco do aumento da violência doméstica, o comportamento agressivo de muitos imigrantes pode ser tratado?
Sandra : Sem dúvida que sim. As vezes a violência é conseqüência da depressão e/ou da perda da auto-estima. Nestes casos, o tratamento da depressão por terapia e/ou medicação diminuirão o comportamento agressivo. Outras vezes são devidos há maus hábitos que os indivíduos adquirem e que tem que ser reeducados de uma forma ou de outra. Na pior das hipóteses através dos meios legais de punição, caso não haja nenhum diagnóstico por trás.
Extra : Você faz terapia com casais a fim de harmonizar suas relações?
Sandra : Sim, em casos de violência domestica a terapia de casal não é a mais indicada a principio. Mas em outros casos é bastante útil e pode transformar totalmente a vida de toda a família, trazendo de volta o amor, amizade.

*J Carlos o autor deste Blog escreveu este artigo para o jornal Extra - Massachusetts - 27/03/07.

sábado, 15 de maio de 2010

O capitalismo e a liberdade no banco do réus



Se você ainda não reparou ou prefere não chegar à conclusão de que a agenda verde é a nova roupa do velho movimento socialista internacional, escute Evo Morales, que resumiu: "Ou morre o capitalismo ou morre o planeta". Que pretexto melhor que a salvação da Terra poderia haver para se exigir o controle da economia global? Como propaganda de massa, é imbatível. 

No mundo com acesso às informações ignoradas ou escondidas pela grande imprensa, o embuste pseudocientífico do aquecimento global já se desmanchou como um castelinho de areia banhado pelo mar. Na outra dimensão, burocratas e jornalistas pautados pelo IPCC continuam a martelar o engodo, como se nada tivesse acontecido, mostrando que a famosa máxima do ministro da propaganda nazista nunca deixará de ter eficácia.


Os partidários do aquecimento global não sabem se vai chover daqui a dois dias, mas nos comunicam, com muita seriedade, que os mares vão subir 3 metros nos próximos 30 anos. Em 2027, a temperatura média do planeta atingirá 46 graus. A coisa não se limita aos discursos. É próprio do ativista querer transformar a fantasia em realidade, e não há limites para quem acredita carregar a chave do outro mundo possível.
No chamado Dia da Terra, 22 de abril, Evo Morales e Hugo Chávez comandaram uma Conferência dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e apresentaram uma proposta modesta: a formação de um tribunal do clima, que julgaria pessoas, empresas e países inteiros com base em suas contribuições para o aquecimento. A piada é grotesca, mas existem milhões de indivíduos mentalmente preparados para concretizá-la.


Pergunte a um meteorologista o clima da semana que vem. O máximo que ele pode fazer é indicar a probabilidade de certas condições atmosféricas. Por mais avançada que seja sua técnica, o homem não pode dar a certeza absoluta de sol no próximo domingo. O vulcão da Islândia cuspiu fogo e parou o tráfego aéreo na Europa. Nenhuma máquina previu a erupção. Não existem meios de interromper o fluxo da lava e a emissão dos gases. Só o que a humanidade pode fazer é ficar olhando e esperar passar.


A natureza é desconhecida e incontrolável. O cérebro saudável aceita este fato. Mas a operação aquecimento, como todo empreendimento de manipulação mental, veio para destruir nas multidões o senso da realidade, idiotizando-as a título de torná-las "ambientalmente responsáveis". Nesse contexto, nada mais lógico que um tribunal para julgar e punir a humanidade - em nome de uma sandice politicamente útil.


Se você ainda não reparou ou prefere não chegar à conclusão de que a agenda verde é a nova roupa do velho movimento socialista internacional, escute Evo Morales, que resumiu: "Ou morre o capitalismo ou morre o planeta". Que pretexto melhor que a salvação da Terra poderia haver para se exigir o controle da economia global? Como propaganda de massa, é imbatível. Deixa a luta de classes no chinelo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

A ideologia da fé

Vejo 5 grupos distintos na sociedade moderna: No centro-direito: Pessoas que dizem conhecer a Deus e sua palavra e até são religiosas, mas de fato são desprovidas de intimidade e comunhão e experiência com Ele.

No centro-esquerda: Pessoas que buscam o ocultismo, o exotérico, as mágias e etc, mas sem conhecimento profundo do assunto, limitam-se na periferia.

No centro estão os alienados de tudo. Por serem extritamente materialístas não conseguem ou não querem perceber o espiritual.

Na extrema direita, os adoradores de Jesus Cristo, o Deus verdadeiro. São pessoas que tem experiências com Deus. Sentem a presença do Espírito Santo e sabem o que querem. Que buscam intimidade com o Reino da Luz.

Na extremidade esquerda, os adoradores de Lúcifer, o príncipe das trevas. São pessoas que tem experiências com Satanás. Fazem sacrifícios aos demônios. São pessoas de boa influência social e reservadas. Sentem e andam pelo espírito das trevas. Querem poder a qualquer custo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A ideologia de Eike Batista

Para o encanto dos jornalistas amestrados, o "futuro homem mais rico do mundo" debita a sua vertiginosa riqueza a fatores aparentemente prosaicos. Com efeito, no mundo tenso dos negócios, ele se impôs o ritual de acrescentar um "x" - símbolo da multiplicação - às siglas das empresas que possui.


Ao contrário do milionário Jay Gatsby, personagem lapidar da obra-prima de Scott Fitzgerald, "O Grande Gatsby" (Editora Record, Rio, 2003), a origem da fortuna de Eike (Fuhrken) Batista, o futuro "homem mais rico do mundo", nada tem de enigmática: ela advém dos proveitosos conhecimentos geólogicos do pai, Eliezer Batista - engenheiro, antigo ministro de Minas e Energia do governo Jango e venerado presidente (por duas décadas) da Cia. Vale do Rio Doce - e das boas graças dos governos, em especial do governo Lula da Silva, sempre omisso, para não dizer permissivo ("entreguista", em tempos outros) na defesa dos ativos e das reservas estratégicas da nação.

Pode parecer estranho, mas, de um modo geral, embora digam o contrário, os governos socialistas adoram tornar os ricos mais ricos (com eles de permeio, claro) - e os pobres mais pobres. A postura não é nova, ultrapassa décadas, talvez séculos. O próprio Lenin, à frente da sua "ditadura do proletariado", pagando juros estratosféricos, ajudou a ampliar as fortunas de banqueiros europeus e da indestrutível família Rockefeller (Ver "Wall Street and the Bolshevik Revolution" - Antony C. Sutton, Arlington House, NY, 1974). Por sua vez, na Alemanha nazi, Adolfo Hitler, outro socialista, expandiu em proporções inimagináveis a riqueza de Gustav Krupp, empresário da indústria siderúrgica voltado para fabricação de armas e material agrícola pesado.
No Brasil, já nos tempos da Velha República, os presidentes Rodrigues Alves e o respeitabilíssimo Epitácio Pessoa abriram os generosos cofres da Mãe Gentil ao aventureiro internacional Percival Farquhar, audacioso empresário das 1001 empresas. Em "O Último Titã" (Editora Cultura, São Paulo, 2006), seu biógrafo credenciado, Charles Gauld, descreve em detalhes como Farquhar - apoiado em projetos visionários e gordas propinas - arrancou concessões governamentais e amplos financiamentos para construir e explorar, entre outras tantas diabruras, a ferrovia Madeira-Mamoré (que redundou em ruínas para turista ver) e as jazidas de ferro de Itabira, Minas Gerais, que o Dr. Getúlio, nos anos 30, resolveu encampar - tornando a emenda pior do que o soneto.

Em meados do século passado, foram incontáveis as fortunas (algumas decadentes, hoje) que Juscelino Kubistchek plantou, enquanto presidente, no eixo Brasília-Rio-Minas. O próprio João Goulart, o fazendeiro Jango - que, segundo Carlos Lacerda, só fazendo política tornou-se dono de 200 mil cabeças de gado e proprietário de 550 mil hectares de terra, área 4 vezes superior ao antigo território da Guanabara - associou-se ao folclórico Tião Maia, o "Rei do Gado", parceiro ao qual, já no exílio, por razões pouco esclarecidas, desejava surrar de rebenque em mão.

No caso do milionário Eike Batista, como era previsível, a mídia cabocla não parou de incensá-lo desde que foi elevado pela "Forbes" à condição de "8º homem mais rico do mundo". Em torno dele, editorias e repórteres operam com a tenacidade de cães farejadores. De fato, a televisão ainda não o descobriu (ou ele sabiamente a recusa), mas é difícil abrir um jornal ou revista sem que lá não esteja o Midas de Governador Valadares (educado na Alemanha) reverberando os seus bilionários projetos, tecendo loas ao "Brasil em transformação" ou repudiando o "complexo de vira-lata" que acode o brasileiro (na certa, sem pagar royalties a Nelson Rodrigues).

Para o encanto dos jornalistas amestrados, o "futuro homem mais rico do mundo" debita a sua vertiginosa riqueza a fatores aparentemente prosaicos. Com efeito, no mundo tenso dos negócios, ele se impôs o ritual de acrescentar um "x" - símbolo da multiplicação - às siglas das empresas que possui. Só para exemplificar: o milionário acredita que ao acrescentar a letra "x" à mineradora MM, de sua propriedade, já está garantindo o bom êxito empresarial da MMX.

De temperamento místico, a logomarca do seu conglomerado de empresas carrega a imagem do Sol dos Incas, prenúncio de força. Na entrada de sua casa, segundo se diz, ramos de trigo, folhas de louro, paus de canela e cristais são colocados para espantar os maus fluídos. No escritório, ele senta olhando para a porta de entrada, afim de "aparar as energias de quem vem de fora".

Outro fator importante para explicar a expansão da fortuna avaliada hoje em U$ 27,5 bilhões é "a perseverança no trabalho": à noite, mal chega ao lar - uma bela e moderna mansão, por sinal - o crédulo Midas janta e se dirige ao aparelho de TV. Diante dele, sintoniza o canal Bloomberg, especializado em negócios, e registra até altas horas da madrugada o sobe e desce das cotações da Bolsa. Explica-se o esforço: boa parte da riqueza de Eike Batista é contabilizada por ações de suas empresas vendidas em ofertas públicas no mercado de capitais. Por isso, alguns analistas financeiros da praça costumam identificá-lo como um "esperto vendedor de sonhos" - o que talvez explique, nos últimos anos, sua permanente exposição na mídia.

Fatores fundamentais, como o conhecimento que o pai Eliezer (presidente honorário da EBX) detém das potencialidades geológicas e reservas minerais do país, são pouco lembradas nas entrevistas concedidas pelo Midas. Tampouco são mencionadas as facilidades com que libera, nos balcões oficiais, as concessões para exploração de minas e jazidas previamente identificadas. Nem muito menos explica a razão do jogo bruto de Luiz Inácio para que a Vale do Rio Doce, Jóia da Coroa, lhe fosse entregue num estalar de dedos - mesmo se levado em conta o investimento feito pelo empresário no filme "Lula, o Filho do Brasil", um projeto inteiramente fracassado.

No ramo do showbizz, aliás, o perdulário Eike Batista faz coisas de admirar. Solta milhões para filmes de Jabor, Cacá Diegues e o inefável Barreto - todos "de esquerda" - mesmo sabendo que dificilmente terá retorno econômico. Recentemente, durante a estadia de Madonna no Rio, o Midas, a título de colaboração, doou U$ 7 milhões à cantora pop, que no momento se diz empenhada em lançar "um olhar moderno" no ensino de crianças carentes do Rio e São Paulo - um "olhar" muito além do vislumbrado "nas cadeiras de moral e cívica dos anos 60". Agora pensem: que nova metodologia educacional poderia lançar uma figura do showbizz, cercada de sexo, droga e rock and roll por todos os lados, sobre as nossas já combalidas crianças?

(Por pura ironia, ano passado um jornal do Amapá havia denunciado que meninas famintas de nove e dez anos estavam sendo estupradas no Garimpo de Lourenço, no município de Calçoene, local onde Eike, nos anos oitenta, iniciou a sua trajetória de milionário. Depois de esgotar o Garimpo, arrancando dele toneladas de ouro, o Midas deu no pé - ao que tudo indica sem deixar uma só escola na miserável região).

Neste torvelinho de doações e negócios em cascata, não poderia faltar a onipresente Polícia Federal, que desencadeou contra o empresário a célebre operação "Toque de Midas". Sem dúvida, um troço imprevisto. Mas, conforme explicou o próprio Eike, a operação policial não foi desencadeada devido a sua rápida ascensão numa área competitiva associada à farta distribuição de dinheiro com candidatos e partidos políticos nas eleições de 2006 (com destaque para a doação de R$ 1 milhão para reeleição de Lula, e outro tanto para a campanha de Walder Góes, governador do Amapá, território onde obteve concessão para explorar uma estrada de ferro). Não, de modo algum. O alvo da operação "Toque de Midas", que "não deu em nada", foi a compra transversa pela EBX de uma mina de ouro que havia pertencido ao notório Daniel Dantas - este sim, caído em desgraça.

No entanto, ainda que abalado pela incursão policial, Eike Batista, especialista em levantar megaprojetos, logo se voltou para a construção de um gigantesco terminal portuário - o Porto de Açu, em São João da Barra - cujo objetivo, ambicioso, é transportar minério de ferro em larga escala para abastecer o império chinês.

Em paralelo, pois não brinca em serviço, o nosso Midas associou-se à Wisco, poderosa estatal chinesa que também não brinca em serviço. Com a anuência de Lula, a MMX investe pesado na exploração de imensas jazidas de ferro e na construção de uma siderúrgica anexa ao terminal de Açu, com o objetivo de confrontar a Vale do Rio Doce, a maior mineradora do Brasil (e do mundo). Tudo isto, no exato momento em que os preços do minério, em elevação, vêm sendo duramente questionados pelos chineses (e o mercado global) empenhados em sua redução.

É provável que Eike Batista seja o que aparenta ser, isto é: um sujeito empreendedor e perseverante, obstinado em se tornar o "homem mais rico do mundo". Gracias Señor! O problema todo é que o capitalismo praticado pela China é, de cabo a rabo, predatório. Para invadir o mundo com suas bugigangas ordinárias, produzidas (e pirateadas) em cima de mão de obra escravizada e de baixos salários, não respeita nenhum padrão civilizado de comércio. E como representa uma séria ameaça, embora disponha de linhas de crédito na ordem de U$ 800 bilhões para investimentos externos nos setores de minério, petróleo e alimentos, vem sendo repelida por vários governos, entre outros o australiano, nas suas pretensões de comprar ativos e jazidas de empresas locais. Negócios com a China, como disse um observador, nunca se tornam "um negócio da China".

E este é o problema do capitalismo de Estado (do qual Eike Batista é um agregado inconsciente ou conivente): seu objetivo é concentracionário, pois que pulveriza a liberdade de escolha e o livre arbítrio, essência do capitalismo real. Demonstrando bons sentimentos, o nosso Midas proclama-se nacionalista e diz que pretende "contribuir para tornar o Brasil um país de Primeiro Mundo". Mas, como? Associando-se aos predatórios chineses? Financiando partidos políticos socialistas que fizeram do Brasil um charco de brutalidade, miséria e corrupção? Financiando "artistas" comprometidos com a derrisão dos valores morais da civilização ocidental e cristã?

Não dá para acreditar.

sábado, 27 de março de 2010

O amor constrói. Mas não ensina a tabuada

A escola brasileira parece acreditar que terá cumprido sua missão se criar um sujeito bem ajustado, que não puxa os cabelos dos coleguinhas, ainda que não saiba a tabuada nem consiga escrever dois parágrafos concatenados. Pensamento critico? Nunca!

Na teoria, ela bebe de fontes sérias, que vão da psicologia transpessoal de Abraham Maslow às ideias de inteligência emocional de Daniel Goleman. Aplicada à pedagogia, significaria alterar as práticas de sala de aula para incentivar a introdução da afetividade na relação aluno-professor e entre os próprios alunos, com o objetivo de criar um ambiente de bem-estar na escola que melhorasse o ensino-aprendizagem. Assim como a maioria dos professores brasileiros se diz construtivista sem jamais ter lido Piaget ou entendido sua teoria, também a pedagogia do afeto tem uma aplicação que, em seu simplismo, pouco tem a ver com a matriz teórica. No Brasil, usa-se essa definição para uma ideia algo difusa de que o fundamental de uma escola, de um professor, é dar afeto aos seus alunos e desenvolver com eles uma relação pessoal, suprindo a suposta carência de afeto sentida pelas crianças brasileiras.

Essa visão se espalha com enorme rapidez. Em pesquisa recente de Tania Zagury com uma amostra grande de professores de todo o país, 62% dos entrevistados disseram que "a melhor escola é aquela em que o aluno encontra professores amigos e ambiente agradável". Grupos de escolas particulares adicionam o coraçãozinho da sua pedagogia afetiva a seus anúncios, e a teoria é agora o norte pedagógico da Legião da Boa Vontade (LBV).

A pedagogia do afeto apresenta três vantagens importantes a seus adeptos.

A primeira é que ela é de difícil mensuração (como se mede o amor?), de forma que é impossível dizer se funciona ou não.
A segunda é que o uso do afeto serve como um antídoto ao fracasso de nossas escolas naquela que deveria ser sua primeira tarefa, a de transmitir conhecimentos da cultura universal e desenvolver o raciocínio analítico e a curiosidade do alunado. Sempre é conveniente defender-se do fracasso técnico atrás do véu propiciado por uma causa nobre. Afinal, o que é saber trigonometria diante de estar com o coração transbordante e em contato com sua alma? Finalmente, o terceiro benefício é que a pedagogia do afeto apresenta uma alternativa mais simpática para explicar o insucesso da escola em relação a seu principal concorrente, a ideologização do ensino, que pretende formar o "cidadão crítico e consciente". Você pode reclamar que seu filho não está aprendendo porque está sendo doutrinado, mas como atacar aqueles que se preocupam em criar um ambiente amoroso em sala de aula? Já vejo os seus simpatizantes pensando: "Mas o que esse cara defende, então? A pedagogia do ódio?". É um prato cheio para os maniqueístas.

Mais do que uma ferramenta cínica para cobrir nossa abissal incompetência no ensino, a pedagogia do afeto se encaixa como uma luva em duas vertentes da nossa cultura, especialmente populares entre os professores. A primeira é o maximalismo. Não basta ao docente brasileiro ser um profissional competente que consegue dar cabo de sua missão primeira (e nada simples) de transmitir aos alunos todo o conhecimento e desenvolver as habilidades intelectuais para navegar em um mundo crescentemente complexo. Isso é pouco. É preciso, também, desenvolver valores éticos, melhorar a autoestima do alunado, preservar o meio ambiente e prezar a diversidade. O bom professor precisa ser um herói, um abnegado, um missionário, um Quixote lutando contra uma sociedade que o ignora e o desrespeita.

A segunda vertente, muito estimulada pelo governo atual, é a ideia de que o brasileiro legítimo é um batalhador, que se esforça contra todas as adversidades. Se triunfa ou não, é irrelevante: o que importa é que não desiste nunca. E o faz mantendo, no processo, a simpatia e a cordialidade brejeira que ainda nos tornarão a Roma dos trópicos. Em suma, o processo e o esforço são mais importantes que o resultado. E o resultado do processo escolar – que deveria ser, antes de todo o resto, o aprendizado – fica de lado. A escola brasileira parece acreditar que terá cumprido sua missão se criar um sujeito bem ajustado, que não puxa os cabelos dos coleguinhas, ainda que não saiba a tabuada nem consiga escrever dois parágrafos concatenados.

A origem intelectual desse vírus que vai poluindo nosso discurso educacional é difusa, já que se trata de um pot-pourri de diversos pensamentos desconexos. Seus maiores praticantes no Brasil são Içami Tiba e Gabriel Chalita. Os escritos do primeiro se destinam mais a pais do que a professores, e se caracterizam pela superficialidade e autopromocionalismo dos manuais de autoajuda. Seu magnum opus, Quem Ama, Educa!, destila todos os assuntos imagináveis sobre educação dos filhos em apenas 300 páginas, com uma bibliografia de dezessete autores. É inócuo.

Já Chalita se vale de citações de grandes pensadores para convencer os leitores incautos e incultos de que se trata de um trabalho de densidade intelectual. Sob esse disfarce, esconde-se uma retórica insidiosa, com o objetivo claro de bajular os docentes, a fonte de votos do "pensador" que virou político. Na cosmovisão chalitiana, os professores são os heróis da nossa educação e as vítimas de um fracasso que é da civilização, não da escola. No autoexplicativo Educação: a Solução Está no Afeto, Chalita tenta passar do plano teórico à sala de aula, para descrever como seria uma aula afetiva: "Em matemática, física ou química, como se abordaria esse tema? Seriam feitas reflexões sobre as sensações humanas, o medo, a solidão. As retas, o plano, a trigonometria das ruas do Rio de Janeiro em que conviveram amigos – Vinicius, Toquinho, Tom Jobim (...)". Então tá. Adiciona: "Nada substitui o velho lar. A educação por conta do estado e das instituições não funciona". Assertiva curiosa para alguém que foi secretário da Educação de São Paulo, mas, pelo menos, consistente com sua práxis. Nos quatro anos em que ele esteve no cargo, os alunos sofreram: caiu em 700 000 o número de matrículas nos níveis fundamental e médio, caíram as taxas de aprovação e conclusão do ensino fundamental e mais de 300 escolas foram extintas. Mas com muito afeto.