terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Breve analise sobre o filme 'Besouro' e sua idelogia

Uma contradição digna de nota é a comparação da relação de Besouro com Exu e sua relação com o Coronel. Enquanto Besouro revolta-se contra a exigência de submissão do Coronel, e esta revolta é imantada de positividade, ele submete-se servilmente a Exu, que repete para Besouro as palavras de Satanás para Jesus no deserto, exigindo que o personagem se curve perante ele para receber a força para dominar vencer o mundo.

O Rightwatcher foi assistir o filme brasileiro Besouro ontem à noite. Tendo nos filmes de minha adolescência pérolas como "O Grande Dragão Branco" ("Tijolo não reage!"), "Retroceder Nunca, Render-se Jamais", "O Último Dragão" ("Quem é o mestre, Leroy?"), e sendo um apreciador de gênero "artes marciais", como muitos colegas, sempre quis ver um filme brasileiro no estilo. Afinal, temos campeões de Judô e Jiu-Jitsu, criamos pelo menos duas artes-marciais, sendo elas a própria Capoeira e o Kombato, e mesmo nas lutas clássicas como Karatê desenvolvemos estilos genuinamente originais e eficientes. O Jiu-Jitsu e a Luta-Livre brasileiros contribuíram enormemente para a criação dos torneios mundiais mistos e por todos estes motivos, um filme no estilo cinematográfico de "arte-marcial" utilizando estes elementos sempre foi muito esperado.
Por que Besouro deixa um ar de frustração então? Penso que é porque em seus teasers e trailers, ele prometia ser um filme de artes-marciais selecionando a capoeira como veículo plástico mas não o é. A participação de coreógrafos de "O Tigre e o Dragão", épico moderno das artes-marciais reconhecido por sua estética poética, sugeria uma pretensão de nos reapresentar a capoeira na mesma escala daquele filme. De fato, nada falta à arte para que ela servisse de matéria-prima para um poema visual daquela magnitude. Justiça seja feita, "Besouro" tenta chegar lá. Mas soa como um bom cantor lírico que não alcança as notas e o virtuosismo dos mestres. Não alcança, porém, menos pela falta de potencial - ele está lá, nos dá o gostinho -, e mais por uma terrível âncora que deixa os vôos de " Besouro" pesados, se elevando ao ar com muita dificuldade e não superando as baixas altitudes.

Esta âncora é fato que "Besouro" não é um filme de artes-marciais, mas um folhetim ideológico e panfletário da mitologia política do movimento chamado negro. Para entender como uma agenda política sufoca uma promessa de um grande filme teremos que destrinchar alguns dos elementos do filme. E não se enganem, existem boas coisas lá, minha crítica sendo não que o "Besouro" rasteje, mas que não voa tão alto quanto poderia para atender aos programas políticos atuais. Minha análise focará os seguintes elementos: o personagem principal sob a luz de suas referências históricas, sociais e ideológicas, os vilões, que são basicamente o coronel, o capanga e o traidor, e na representação dos orixás, estes primeiramente segundo uma breve análise cristã e em seguida uma análise de suas funções narrativas e suas tensões simbólicas.

São três os Besouros de que falaremos: o histórico, o mítico e um Frankstein de propaganda. Os dois primeiros são os voadores, o último é o peso que segura o filme. O ser humano apelidado de "Besouro Magangá" existiu historicamente. Foi um capoeirista conhecido na Bahia em seu tempo por sua personalidade forte, destreza excepcional na capoeira, confrontos com a polícia, não ter profissão específica nem trabalho fixo e por defender os fracos de injustiças dos fortes e ser arrumador de confusão. Outra característica era de saber "sumir" quando via que o número de inimigos era muito grande, daí o dizer-se que ele virava besouro e "avoava". Morreu aos 27 anos em circunstâncias duvidosas, segundo alguns em mais um confronto com a polícia, segundo outros por uma cilada armada por um de seus inimigos. Algumas versões incluem a faca de ticum, que também vemos no filme, como elemento necessário para ferir alguém de "corpo fechado".

O Besouro histórico era realmente candomblecista e filho de Ogum (seu lado guerreiro), protegido de Xangô (representando seu senso de justiça). Ou seja, concessões feitas às naturais falhas e imperfeições humanas, o Besouro histórico era um "valentão do bem", utilizando sua genialidade marcial para resolver "na mão" as injustiças que encontrava pela frente. Era também um dos tipos que geraram o arquétipo do malandro brasileiro, vivendo de bicos aqui e acolá para sustentar o que ele mesmo devia considerar uma vida agradável. Mesmo sendo "do bem" acabou encontrando o fim que todo valentão encontra, sendo morto por uma brutalidade maior do que a que ele poderia lidar.

O Besouro mítico é o que acontece quando aquela pessoa de carne e osso se transforma em uma lenda, uma figura de sonho e imaginação. Este é a figura cantada nas rodas de capoeira. Tem contornos de um verdadeiro ancestral, uma espécie de figura espiritual intermediária entre orixás e homens, uma força e uma vibração, talvez um encantado ou um baba egum. O Besouro mítico é um signo, um arquétipo estrutural, formador e inspirador, um personagem verdadeiramente espontâneo e profundamente significativo. Suas canções exaltam suas capacidades sobrenaturais, seu senso de justiça e a tragédia de sua morte por traição. Esse era o Besouro que eu supunha iria encontrar no filme. Mas era o terceiro que lá estava.

Ao invés de um "bom malandro" que desenvolve poderes e cresce em caráter para se tornar um herói, o que vemos é um tipo de "super-ativista social". De fora fica o malandro brigão que tira satisfações com os bullies locais subjugando-os com sua capoeira superior, e entra um "alienado" político cujo "crescimento" consiste e "conscientizar-se" politicamente e fomentar a luta de classes, estas, aqui, em sobreposição perfeita com as melaninas das peles. Todos os negros são proletários semi-escravos e boa gente, todos os brancos são senhores e malvados. Ao Besouro cabe apenas assumir seu "papel histórico" e dar início à "consciência negra". A luta de classes inspirada por ele é simbolizada no final quando vemos o "negro alquebrado" e a "negra estuprada" possuídos do espírito de Besouro lutando e humilhando os senhores brancos.

Os outros dois Besouros foram tão radicalmente eliminados do filme que é necessário que o tempo todo os outros personagens nos informem em suas falas sobre como Besouro costumava ser vaidoso, irresponsável, malandro. Na verdade em momento nenhum vemos esse personagem. Logo no início do filme ocorre a morte de Mestre Alípio "por causa de suas idéias", como uma personagem também nos informa insinuando que ele era algum tipo de intelectual proletário que só não agia por faltar-lhe a habilidade física e portanto cabia a Besouro executar as idéias do "pensador". Imediatamente Besouro entra em crise, que porém é mal notada pois não o conhecemos antes daquele momento. Mestre Alípio e todos os demais personagens profetizam sobre o dever de Besouro de executar as idéias revolucionárias de seu mestre. Mestre Alípio era um mobilizador social com suas idéias, Besouro tinha que sê-lo com suas ações. Como Besouro é o personagem principal do filme é com ele que o espectador se identificará e, portanto, a mensagem é clara: o papel do herói é ser um agente de revolução social seguindo as idéias e heranças dos pensadores sociais do passado e que "morreram por elas". Como um filme tão visceralmente comprometido em ser uma propaganda política poderia alcançar as alturas de poema visual épico, mesmo possuindo alguns elementos plásticos dele, tão mesquinhamente constrangido desde dentro por objetivos tão pequenos?

Por sua vez, o mal está representado quase excluivamente pelos brancos. Da parte destes não há uma só qualidade boa, nenhuma virtude redentora, nenhuma complexidade. São plana e bidimensionalmente malévolos. Se até as femme fatales russas de um filme do 007 são capazes de uma ambigüidade primária, ainda que por desejo pelo herói, os homens brancos do filme patrocinado pela ANCINE não possuem sequer um sentimentozinho bom. São resoluta e inequivocamente perversos. O coronel, arremedo de elite, é visceralmente malicioso e ganancioso. Suas únicas lágrimas são pela plantação queimada, seus sentimentos pelos negros são exclusivamente os de posse, ódio, luxúria e inveja. Quando ajuda o povo é para seduzi-lo diabolicamente a maior servitude. Quando elogia a capoeira é com o fim de corromper seus praticantes. Derrotado, sequer jura vingança ou "Eu voltarei" como os mais rasos vilões. Cai na bebida, apanha de mulher, é ridicularizado pelas crianças, vive como sombra pelos cantos e não sustenta o olhar de um menino. Nada nele se salva, nem mesmo enquanto vilão.

Os capangas, por sua vez, são o mesmo que o coronel, porém sem o polimento de senhorio. O líder dos capangas é o "corifeu" do grupo, sendo através dele que a persona deles se expressa plenamente. Brutais, ignorantes, cegos, caninamente subservientes, cruéis, seu maior prazer é bater em negros, fazer piadas racistas e humilhar os semi-escravos. São apenas um conceito, não pessoas, vivendo unicamente para odiar os negros. Sem amor sequer entre eles mesmos, zombam quando um dos seus morre, especialmente por considerarem a humilhação suprema o fato de morrer travestido de negro. Se o coronel é uma espécie de demônio-mor, os capangas são sua pequena legião de diabretes.

O único vilão que apresenta alguma ambigüidade é o negro traidor; afinal, não sendo branco, pode apresentar certa humanidade. Seduzido pelo discurso da "classe opressora", abdica da sua "identidade afro" deixando de lado as roupas e penteados de escravo para adotar as roupas e penteado dos brancos. A menção ao cabelo é importante pois no início do filme vemo-lo precisamente elogiando o cabelo encarapinhado da moça que ama. A adoção de uma tentativa de penteado de cabelo liso simboliza, assim, a mudança de valores do personagem e sua "perda de identidade". A transição é rápida. Basta o coronel tecer alguns elogios para que o personagem seja seduzido e sua parceira, logo percebendo o "pecado ideológico" do parceiro, nos informa que ele é burro por fazer isso e nos dá um exemplo de como devem ser tratados esses "vendidos": se afastando dele. Na ideologia do racismo afro, o negro que deseja "sair da senzala" sem ser matando brancos física ou simbolicamente, necessariamente é vendido e desprezível e o filme nos apresenta o personagem com o fim de transmitir este dogma. Vigoroso e belo enquanto ainda "de raiz", se torna uma figura patética e débil ao fim do filme, não sem antes ser humilhado tanto por negros (nas pessoas de sua ex-namorada e de Besouro) quanto pelos próprios brancos aos quais desejava se unir (na figura do líder dos capangas). A lição está aprendida. Lugar de negro é na revolução, mas que não saia da senzala.

Finalmente, os orixás. Não há como dizer tal coisa delicadamente. Os deuses pagãos, sejam eles gregos, escandinavos ou africanos, são todos, sem exceção demônios. Penso que se a liberdade religiosa protege as pessoas que fundamentam suas intenções de assassinato, adultério e opressão em práticas e crenças fetichistas, há de proteger aqueles que meramente se escandalizam com a glamourização estética destas práticas. Talvez haja quem considere que cortar o pescoço de um bode vivo em um ritual extático sob a cacofonia de sons opressivos que provocam a posse da alma por entidades sombrias (ou forças subconscientes) seja equivalente a conscientemente tomar pão e vinho misticamente transformados na carne e sangue de Jesus Cristo sob cânticos litúrgicos, não para ser possuído, mas para sermos libertos. Este autor considera que não e pensa também que não está desacompanhado em tal sentimento no Brasil de maioria católica e no qual 55 milhões de negros são católicos (ainda que apenas 10% fosse praticante, seriam ainda 5 milhões), 8.7 milhões são pentecostais, enquanto, entre candomblecistas e umbandistas, o número de negros não chega a 250 mil. Ao mesmo tempo, na "Mama - África" os negros optaram maciçamente pelo Cristianismo e Islamismo, abandonando as práticas fetichistas e xamânicas das tribos. O primeiro conta com uma adesão média de 45% dos africanos, enquanto os segundos com cerca de 37%. Juntas, estas religiões que possuem opiniões bastante semelhantes quanto a natureza dos "deuses" tradicionais da África, somam quase 90% da população daquele continente. Bastariam tais números para colocar em suspeita a qualidade moral e mesmo da verdade espiritual contida nas práticas que os africanos abandonaram. E também fazem pensar porque o movimento dito negro passa ao largo de uma tão inegável e sistemática escolha dos seus "protegidos" por religiões com uma profunda capacidade civilizacional e filosófica para tentar, por força da repetição, associar a identidade deles a práticas de alienação psico-espiritual e cultivo da mentalidade mágica.

Entretanto, no filme, os Orixás são entidades protetoras do personagem principal em sua missão de insuflar a luta de classes sob a máscara de luta de raças. Assim, representam-nos como figuras eminentemente positivas apesar das confissões de amoralidade do único Orixá com fala no filme, o repulsivo Exu. Esta imagem de positividade é alcançada não só pelo apoio dos entes espirituais aos personagens "do bem", como por uma estética da beleza, do vigor e da sensualidade na busca de conduzir o gostar do espectador através de impulsos primários. A ligação com a natureza, também contribui para essa positividade dados os valores ecológicos atuais. Os Orixás do filme "Besouro" portanto, são as forças telúricas e espirituais que fomentam e coordenam tanto o ideário ecológico quanto o social, sendo fonte e base da harmonia entre os dois. Assim, até estes pobres demônios são reduzidos de sua condição infernal a meras peças de propaganda, encarnando a força dos movimentos revolucionários.

Uma contradição digna de nota é a comparação da relação de Besouro com Exu e sua relação com o Coronel. Enquanto Besouro revolta-se contra a exigência de submissão do Coronel, e esta revolta é imantada de positividade, ele submete-se servilmente a Exu, que repete para Besouro as palavras de Satanás para Jesus no deserto, exigindo que o personagem se curve perante ele para receber a força para dominar vencer o mundo. Esta abjeta queda de Besouro que se curva de joelhos e cabeça abaixada perante o demônio é, entretanto, apresentada com o signo da "humildade", como o momento em que Besouro vence seu orgulho personalista, deixa de ser alienado, compreende as idéias do seu mestre e inicia seu caminho como vingador dos oprimidos.

Estuturalmente, Exu e o Coronel são idênticos. Ambos são representantes de classes "superiores" (espiritual e social respectivamente) de seres. Ambos exigem que Besouro se curve, ambos consideram que ele estar de joelhos é necessário, ambos o atacam e castigam por ele não se submeter, ambos consideram sua resistência e impetuosidade como orgulho, ambos prometem benesses caso ele submeta. Qualquer força espiritual ou de caráter que a vitória sobre o Coronel poderia ter é completamente esvaziada pela submissão de Besouro a Exu. Sua derrota espiritual é um lodaçal que impede que ele voe mais alto posteriormente, pois tudo que ele faça em relação ao coronel já está espiritualmente consumado com sinal oposto desde o encontro de Besouro com a entidade amoral.

Nesta debochada inversão da vitória cristã sobre as três tentações fundamentais do demônio (gula, vaidade, poder) a serviço da idolatria e danação da alma humana, revelam-se as forças psíquicas ou espirituais, como queiram, que impedem o vôo de "Besouro". O épico exige algo do sublime, como vemos em "O Tigre e o Dragão" e filmes que nele se inspiraram ("O Clã das Adagas Voadoras", por exemplo). Exige a superação das forças cadentes e abissais da alma. "Besouro", porém, cegado pela ideologia, supõe que estas mesmas anti-forças da escuridão é que iriam gerar um herói, no sentido literário do termo. O drama épico é implodido inteiro na genuflexão de Besouro ao demônio, toda a possibilidade de grandeza morta ali mesmo para dar lugar ao ideário da "consciência negra", da "resistência racial" e da luta de classes. É naquele momento trágico, que o filme se afasta daqueles que o teriam inspirado no gênero, se afasta da promessa que sentíamos nos trailers e se afasta de qualquer relevância que poderia ter na colaboração do alargamento da alma humana, reduzido a pífia peça de propaganda animada por cenas de ação.

O atrativo filme, porém, como em "Tropa de Elite", são os potenciais positivos, infelizmente abortados pela propaganda ideológica. O Brasil se tornou nos últimos anos um deserto tão seco de altos ideais, tão ideologicamente raso, que o brasileiro está sedento de grandeza, de verdadeira sabedoria e virtude, de coragem viril e reto discernimento. Que nossos artistas apreendam essa necessidade, corajosamente deixem de lado seus patronos filicidas e expressem na arte a grandeza da virtude, do amor, da verdade, do belo, execrando a mesquinharia da ideologia, da ignorância voluntária, da fomentação de ódios entre classes e raças, da prisão de pessoas individuais em identidades sociais coletivas. Seus filmes são bons e fazem sucesso pelas virtudes imanentes que suas ideologias negam. Assumam estas virtudes.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

As criações de Deus e a retórica do diabo e do MST

A ideia de um mundo no qual tudo pertencesse a todos poderia ser graficamente representada como a antecâmara do inferno.

Há muitos anos, participei de um debate sobre direito de propriedade, reforma agrária, MST, invasões, etc.. Não lembro mais o título do evento, mas a instituição promotora era uma organização religiosa. O debate consistia em uma série de sucessivas e breves manifestações, coisa do tipo cinco minutos cada para um, entre eu e o meu contendor, a quem vamos chamar, aqui, de "o outro".
Fui o primeiro a falar, expondo o que penso a esse respeito. Quando conclui a exortação inicial, senti que meus pontos de vista haviam sensibilizado o auditório. O outro proferiu umas poucas palavras, deu de mão num violão e, com bela voz, desatou uma canção cujo refrão, várias vezes repetido, dizia mais ou menos assim: "Deus criou o mundo para todos. E o diabo fez as cercas". O efeito no auditório foi arrasador. Percebi que quase todo mundo se bandeara para o lado oposto.

Era preciso argumentar. Foi o que fiz, denunciando que aquele refrão continha conhecida arapuca retórica, dessas que são usadas quando alguém quer vencer um debate sem ter razão. No caso, tratava-se de afirmar algo absolutamente correto - "Deus criou o mundo para todos" - e de justapor a e essa afirmação, uma outra, inteiramente falsa, na expectativa de que a segunda, assim, meio que por osmose, ganhe credibilidade pelo contato com a primeira. Deus criara o mundo sem cerca e sem uma infinidade de outras coisas necessárias, como paredes, telhados e portas, lavouras, silos, estradas, linhas de transmissão de energia, sistemas de irrigação e drenagem, planos de saúde e por aí afora. Afirmar que tais iniciativas, bens e serviços eram criações demoníacas apenas por não terem saído das mãos de Deus constituía um disparate... Deus atribuíra ao homem dar continuidade à sua obra criadora. E isso era uma grande responsabilidade.

O outro não se deu por achado e voltou à carga, desta feita sem violão. Ele, agora, queria argumentar. Afirmou que as benfeitorias humanas que eu havia descrito - telhados, paredes, portas, etc. - eram derivadas daqueles bens originalmente criados por Deus para todos e, por consequência dessa ordem natural da Criação, deveriam estar à disposição de todos, sem qualquer apropriação individual. Armara outra armadilha retórica, como demonstrei ao público. Ela era idêntica à anterior na finalidade, mas diferente na forma. Tratava-se de fazer uma afirmação correta - a de que aquelas benfeitorias eram derivadas da Criação - extraindo daí uma conclusão disparatada. A vítima do embuste era levada a crer que de uma afirmação verdadeira só se extraem conclusões verdadeiras. Mas isso é falso. Na verdade, Deus criara para todos e não designara o modo como suas criaturas humanas haveriam de gerir tais bens. Deixou tal tema à deliberação dos povos. E os povos, autonomamente, podem decidir se o fazem:
A) Sob regime de propriedade privada entendida de um modo insusceptível de restrição;
B) Sob regime propriedade privada onerada pela função social;
C) Sob regime de apropriação dos bens pelo Estado;
D) Sob regime de uma confusa administração coletiva, sem qualquer espécie de proprietários, fórmula que estava sendo defendida pelo outro.
Acrescentei que a primeira era uma evidente fonte de dominação; que a segunda, herdeira da sã filosofia e do Direito Natural, era adotada em quase todas as sociedades modernas; que a terceira, experimentada durante várias décadas pelos países comunistas, foi mãe da miséria social e do totalitarismo por concentrar no Estado o poder político e o poder econômico; e que a quarta jamais fora testada por ser absolutamente insana. A ideia de um mundo no qual tudo pertencesse a todos poderia ser graficamente representada como a antecâmara do inferno.

Quando a palavra retornou ao meu oponente, ele apelou para o Ato dos Apóstolos, livro do Novo Testamento que relata a vida dos primeiros tempos do cristianismo. Ali, no capítulo 4, versículos 32 a 34, leu o que se conhece: os primeiros cristãos tinham tudo em comum e não havia necessitados entre eles. Completada a leitura, olhou-me e disse: "De onde tirou o senhor a ideia de que Deus não se manifestou sobre o assunto? Aí está, na experiência dos primeiros cristãos, o projeto do Criador".

O que estávamos assistindo a era uma terceira armadilha retórica... O outro sabia o que estava fazendo, mas o auditório tende a crer em quem fala com a Bíblia na mão. Quando me retornou o microfone, mostrei que ele havia proclamado apenas meia verdade. A outra parte da verdade ficara ardilosamente oculta por ser inconveniente à tese que ele sustentava. E qual era essa outra metade? Ora, os primeiros cristãos de Jerusalém, convencidos de que o Mestre voltaria em breve para Juízo Final, venderam o que tinham e colocaram seus bens em comum. Passavam o tempo em oração, curando enfermos e pregando ao povo. De fato, não houve necessitados entre eles, até acabarem as provisões e os recursos materiais. A atitude que haviam adotado perante as necessidades da vida trouxe consequências que transparecem das epístolas em que o apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos e aos Coríntios, conclama essas comunidades a socorrerem "os pobres que há entre os santos de Jerusalém". Já na sua segunda carta aos tessalonicenses, o apóstolo dos gentios, preocupado com que via acontecer, advertia: "Quem não trabalhar, também não há de comer". Com efeito, quem estende um colchonete no chão e fica esperando que Deus o socorra ou que alguém o regale com o fim da pobreza, acaba na fila da cesta básica ou no bolsa-família.


Por : Percival Puggina

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A ideologia da intolerância

Em países em que o socialismo domina em plenitude, os inimigos do sistema são eliminados por qualquer e todo motivo. Veja Cuba, Coréia do Norte, etc. Em países em que a população está gradativamente sendo condicionada a abraçar o socialismo, a sociedade é primeiramente levada à paranóia. É pura paranóia aprovar leis que condenam cristãos pelo crime fictício de "homofobia", pois os cristãos não têm uma tradição de matar homossexuais. Mas assim agem Obama e Lula.

Você poderia apresentar uma lista longa de problemas na ditadura islâmica do Irã, mas Lula não se importa. Os socialistas são assim: eles não se importam com Deus, com valores morais, com inferno e até com seus próprios amigos socialistas - a não ser que tenham grandes interesses pessoais envolvidos. Não há nada mais importante para um socialista ambicioso do que promover a glória de seu próprio umbigo.

Atualmente, a ideologia politicamente correta não os criminosos, mas os crimes. Quando um maometano entra num lugar, grita "Alá é grande" e mata com bomba ou arma de fogo muitas pessoas, os jornalistas PCs (politicamente corretos) se limitam a dizer que "uma bomba" matou várias pessoas... Ou que a violência matou várias pessoas... Ou então, de forma igualmente genérica, que o terrorismo matou várias pessoas...

Aliás, o mesmo socialismo que condena os cristãos conservadores como "fundamentalistas" e "fanáticos", protege o islamismo chamando-o de "religião de paz" - enquanto seus adeptos persistentemente tiram a paz e a vida de centenas de milhares de pessoas inocentes todos os anos.

Essa proteção, em boa parte, é um efeito da luta de alguns judeus socialistas ocidentais, que conseguiram estabelecer leis de proteção às minorias. Essas leis são hoje usadas por ativistas homossexuais e islâmicos para proteger seus próprios interesses e impor sobre as sociedades ocidentais a ideologia homossexual e islâmica. Quem paga a conta de tudo isso são os cristãos, que acabam sofrendo pressões e opressões de grupos diametralmente opostos.

Em contraste, os cristãos são rotineiramente perseguidos em países islâmicos. Mas, por incrível que pareça, agora os maometanos exigem uma lei internacional contra a "islamofobia", pois eles dizem que o islamismo precisa ser protegido das pessoas que não gostam do terrorismo e de terroristas criados pela "religião da paz". Os maometanos, com o apoio dos socialistas, aprenderam a tirar proveito da paranóia ocidental contra a intolerância, preconceito e discriminação e estão conseguindo perseguir e oprimir cristãos e judeus em seu próprio território.

Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã que nega o Holocausto e diz querer destruir Israel, tem um governo que não vê problema algum em torturar e matar homossexuais. Mas Ahmadinejad nunca foi incomodado pelos mesmos grupos socialistas de direitos humanos que rotineiramente acusam os cristãos de "crimes" contra os homossexuais. Esses "crimes" cristãos não se referem a atos de violência real, mas exclusivamente opiniões que refletem a condenação da Bíblia às práticas homossexuais. Essa é a realidade socialista: silêncio para com o que o Irã islâmico faz, e muitas mentiras covardes contra os cristãos. Irã. Por amor à sua própria glória, um socialista - seja ateu, católico, islâmico ou evangélico - poderia entregar a própria mãe e a própria pátria ao diabo.

domingo, 15 de novembro de 2009

Quantas vezes precisaremos contar a verdade para que se acredite ser ela a verdade?

Os defensores das teorias de índole marxista e derivadas dizem que uma mentira contada várias vezes transforma-se em uma verdade. E quantas vezes precisaremos contar a verdade para que se acredite ser ela a verdade?

A decisão da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária, tendo à frente a Senhora Kátia Abreu, de propor a extinção da exigência de produtividade como condição para a manutenção da propriedade do imóvel rural inaugura uma nova fase de entendimento pelas forças que ainda lutam neste país em prol da liberdade.

Assim manifesto o meu contentamento porque testemunho que, finalmente, as entidades políticas e/ou representativas de setores da sociedade começam a ouvir as pessoas e instituições que têm se imbuído de fornecer os fundamentos doutrinários sobre a filosofia da liberdade e sobre os pilares de uma democracia representativa e liberal, após longos anos de uma insistência quase quixotesca.

Adotar a defesa apriorística da propriedade privada como uma instituição que, por si só, já cumpre a sua função social - e não esta ou aquela propriedade específica, segundo condições unilateralmente impostas por um estado parcialista - eis a estratégia que deve ser o norte não somente dos empresários ligados ao agronegócio, mas de todos os setores da economia, e mais além, de todos os cidadãos.

Como tenho afirmado, não existe nenhum elo lógico ou filosófico que legitime o estado a estipular um índice de produtividade como forma de garantir a manutenção da propriedade do imóvel rural. Uma exação de tal natureza prontamente extingue a instituição da propriedade privada, transformando-a em mero atestado de arrendamento por adesão.

Diante de um título precário de usufruto, todas as perspectivas de longo prazo, inclusive os investimentos em benfeitorias, industrialização e auto-suficiência energética, esvaem-se por completo, e é este precisamente o caso do Brasil, um país que, malgrado possuir excelentes índices de produtividade no campo, pouco industrializa a sua produção, incorrendo por isto em grandes perdas e desperdícios ao transportá-la aos locais de beneficiamento.

Quanto a este problema, assim expõe o filósofo e economista Hans-Herman Hoppe:

Isto significa que, não obstante quão baixo possa se encontrar o atual grau de expropriação, seus esforços produtivos têm lugar sob a sempre-presente ameaça que no futuro a cota da renda que deve passar às mãos da sociedade será aumentada unilateralmente. Não é necessário muito comentário para ver como isto aumenta o risco, ou o custo de produzir, e então diminui o grau de investimento.

Todavia, não venho neste artigo discorrer tão somente sobre a questão da exigência de um índice de produtividade como manutenção da propriedade do imóvel rural. Venho argüir que os princípios basilares do direito de propriedade envolvem também os empresários dos setores industrial e comercial, tratando somente da causa econômica e abstraindo-me da vida privada pessoal.

Temas tal como a substituição tributária progressiva, também conhecida como substituição tributária "para a frente", por exemplo, hoje são recorrentes nas revistas jurídicas e nos periódicos especializados dos diversos ramos de negócios, como tenho testemunhado. Infelizmente, e não obstante os depoimentos de diversos representantes destes setores, que assim manifestam as suas preocupações e registram os seus protestos, o trato da questão é sempre circunstancial, procurando atacar aqui e ali elementos cosméticos, por exemplo, alíquotas, que o governo pode muito bem ceder hoje, com a finalidade de solidificar o seu instrumento injusto de arrecadação, para ali na frente engrossar o caldo, em um momento em que não haja mais campo para o debate.

Somente com um conhecimento sólido do que é a propriedade privada e do que é ser um cidadão de uma sociedade livre é que se pode argumentar com a mais coerente razão: o estado não tem o direito de impor a um cidadão um dever oneroso meramente por vontade de sua lei!

Nos primórdios do sistema jurídico, a substituição tributária foi estabelecida - justamente - para identificar os responsáveis eletivos por determinadas situações específicas aos quais estes mantém um elo lógico e natural. É o caso do pai em relação ao filho, do tutor em relação ao ente tutelado, do curador em relação ao objeto de sua curatela.

Outra espécie de dever oneroso pode ser a de ordem cívica. Por exemplo, o estado pode se valer temporariamente da propriedade privada para defender a sociedade. Um exemplo é requisitar um barco de um particular para salvar as vítimas de uma enchente. Outro exemplo é a convocação para a guerra. O estado livre e de direito tem por justa a prerrogativa de convocar os seus cidadãos para defender o solo e o regime de que usufruem, segundo a concepção minarquista de Ludwig von Mises.

Todavia, não há nenhum elo natural que permita ao estado atribuir ao cidadão A uma tarefa onerosa que pertenceria originalmente a B. Isto contraria frontalmente o preceito basilar de uma nação de homens livres, já que o estado lhes impõe obrigações unilateralmente. Um instituto jurídico tal como a substituição tributária progressiva faz o cidadão A incorrer em custos que só ele paga por outrem, e pior do que isto, o expõe a riscos pelo seu eventual descumprimento que, em uma situação irregular, não haveria.

Este foi apenas um dentre muitos casos de invasão de propriedade e derrogação das liberdades civis. Outras formas de excessos, como a responsabilidade solidária previdenciária ou a responsabilidade subsidiária trabalhista também são temas cuja raiz seria sempre melhor visualizada uma vez compreendida a razão de ser da propriedade privada, que tem dentre uma de suas prerrogativas justamente afastar a tentação totalitarista estatal dos domínios do particular.

No que pese a singeleza deste texto, e tendo em vista o acima exposto, venho exortar todos os empresários para tomarem conhecimento do que se passa em nosso país, que caminha célere rumo a um regime tal como os que os cidadãos venezuelanos sofrem hoje. Urge, mais que nunca, que comecem a se reunir, a se organizar e a se entrosarem com a nascente produção intelectual de ordem liberal-conservadora, para, com base nela, proporem mudanças para o restabelecimento de uma ordem jurídica e social mais justa, eficiente e pacífica.

Façam com esta louvável mulher, a senadora Kátia Abreu, conjuntamente com a entidade que representa como presidente, a CNA. Isto não vai tirar o sangue de ninguém, e mudará a significativamente a posição dos astros na constelação política nacional.

Os defensores destas teorias espúrias de índole marxista têm como corolário dizer que uma mentira contada várias vezes transforma-se em uma verdade. Quantas vezes precisaremos contar a verdade para que se acredite ser ela a verdade?

sábado, 14 de novembro de 2009

Repressão, cidadania e ternura

No vale tudo para 2010 chegou a hora e a vez da bolsa maconha: Para prevenir o ingresso dos jovens no mercado do crime o Pronasci criou o Bolsa-Maconha. No lugar de proteger a sociedade o governo se moveu pela ideia fixa de que era preciso apenas zelar pelos criminosos. As obras do PAC da Segurança nas favelas do Rio de Janeiro estão sendo executados em sintonia com os líderes do tráfico de drogas. Onde o crime organizado dita o ritmo do empreendimento, autoriza ou desautoriza quem pode atuar nas intervenções estatais de cidadania e a polícia está terminantemente proibida de subir o morro.

Podemos dividir o desempenho do Ministério da Justiça na administração do governo Lula em duas fases: no primeiro mandato prevaleceu a orientação política de tratar a criminalidade sob a ótica da advocacia criminal.

Já no segundo período, ainda em vigor, as medidas de leniência com o crime ganharam o adorno especial da sociologia penal, com ingresso do enunciado da cidadania.
Ambos foram regidos pelo conceito comum de que era preciso atacar as causas sociais da violência para se conseguir a emancipação da sociedade e assim eliminar o delito.
Não é preciso dizer que redundaram em tremenda perda de tempo e deram oportunidade para que o crime organizado prosperasse a ponto de comprometer a própria democracia.
No lugar de proteger a sociedade o governo se moveu pela ideia fixa de que era preciso apenas zelar pelos criminosos.
A Pasta, no primeiro período, foi dirigida por um lado para proteger o governo dos escândalos criminosos e de outro para afrouxar as leis penais com o objetivo de desafogar o sistema penitenciário.

Quatro iniciativas consagraram essa fase: a eliminação do Exame Criminológico, a adoção do flexível Regime Disciplinar Diferenciado para bandidos de alta periculosidade e envolvidos com organizações criminosas, o Estatuto do Desarmamento e a instituição do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad), que ensejou na liberação tácita do consumo de substâncias entorpecentes.

Hoje colhemos os resultados devastadores de tamanha irresponsabilidade.
Já no segundo mandato, a violência ganhou um PAC particular com a adoção do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que tinha por escopo ser “um marco inédito no enfretamento da criminalidade do País.”
Conforme foi anunciado à época, a finalidade do programa era “articular políticas de segurança com ações sociais. Priorizar a prevenção e buscar atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública.”
Ou seja, era só ternura.

Perfeitamente! As tais articulações sociais foram tão profundas que as obras do PAC da Segurança nas favelas do Rio de Janeiro estão sendo executados em sintonia programática com os líderes do tráfico de drogas.
No acordo, o crime organizado dita o ritmo do empreendimento, autoriza ou desautoriza quem pode atuar nas intervenções estatais de cidadania e a polícia está terminantemente proibida de subir o morro.
Já ia me esquecendo da grande medida que buscava minimizar as causas da violência.Para prevenir o ingresso dos jovens no mercado do crime o Pronasci criou o Bolsa-Maconha.
Na verdade, durante todo o governo Lula a segurança pública foi negligenciada, pois houve o entendimento político de que ao deixar o problema nas mãos dos Estados o Palácio do Planalto se via aliviado de arcar com o desgaste produzido pela criminalidade violenta e ainda não teria de suportar o ônus de financiar o setor.

Ou seja, o governo conseguiu levar a sociedade na conversa e ficou bem na fotografia mesmo diante do quadro incoerente do agravamento da criminalidade conjugado com investimentos declinantes.
Como o governo entrou na fase do estertor, não há tempo nem espaço político para se encetar uma iniciativa de segurança pública.
A matéria vai ser levada para a campanha eleitoral de 2010, onde se deve fixar compromissos e metas para a reforma do setor. São Paulo tem dado o exemplo de que o caminho para a resposta estatal à criminalidade organizada e desorganizada passa pela reestruturação das polícias, tendo como objetivo principal a integração das corporações militares e das instituições civis.

O Brasil precisa entender que não há saída para a superação da crise de criminalidade violenta sem a recuperação da agenda conservadora, o que implica na capacitação do poder repressor do Estado.
O brasileiro precisa de uma polícia unificada, do contrário não haverá convergência de finalidade na defesa do interesse público da segurança.
A instituição deve se guiar por métodos de inteligência para que possa se antecipar à atividade criminosa e assim cumprir a missão de prevenir o delito.
As ações de investigação devem ser apoiadas em critérios científicos para que haja funcionalidade do Inquérito Policial.
Por fim, é imprescindível fortalecer de fato a função de Corregedoria, sem a qual não haverá a assepsia dos corruptos que fazem da Polícia um instrumento do crime.
Feito isso podemos falar em cidadania e até imprimir um pouco de ternura.

Por : Sen. Demóstenes Torres - procurador de Justiça e senador DEM-GO.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sobre a liberdade vigiada e os grandes acontecimentos

A liberdade de expressão não pertence ao universo oficial dos gabinetes executivos do partido oficial que por hora manda no paí, ela não tangencia os planos de governo e não obedece às orientações dos ministérios da propaganda. Seus limites estão estabelecidos na Constituição e eternizados na cultura dos países democráticos. Os próprios leitores e a Justiça punem os jornalistas que ultrapassam os limites éticos.

Por que Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e o casal Kirchner tratam a imprensa como inimiga? Porque na Venezuela, na Bolívia, no Equador e na Argentina de seus sonhos não há lugar para jornais, revistas e redes de televisão independentes. Para essa gente, notícia é só aquilo que seus ministros da propaganda dizem que é notícia. Todos eles suprimiram a liberdade de imprensa ou estão em via de fazê-lo. Esperam um dia atingir o controle total da informação obtido pelas grandes ditaduras do século passado, prática que é mantida ainda por seus irrelevantes sobreviventes atuais: Cuba e Coreia do Norte. Nesses países não existe imprensa. Não existem repórteres. Não existem jornais. Não existe democracia. Não existe liberdade. Portanto, não existe notícia. Cubanos e norte-coreanos vivem vidas miseráveis, privados das mínimas exigências da subsistência civilizada, mas os papéis pintados periódicos daqueles países não relatam a triste realidade.

Por onde se olha na América Latina, há um governante com a ideia fixa de que seus fracassos seriam menos gritantes se só existisse a imprensa oficial. O Brasil vinha sendo a excepcionalidade na região. Agora o próprio presidente Lula está desenhando o que ele imagina ser a imprensa ideal. “Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar”, disse Lula há duas semanas. Na quinta-feira passada, ele voltou à carga com o seguinte discurso, direcionado a repórteres que cobriam uma cerimônia que reunia catadores de papel, em São Paulo: “Hoje vocês têm a oportunidade de fazer a matéria da vida de vocês. Se vocês esquecerem a pauta do editor de vocês e se embrenharem no meio dessa gente (…) Publiquem apenas o que eles falarem. Não tentem interpretar”.

É espantoso. Lula não lê jornais. Mas quer ensinar como editar jornais. Má notícia, senhor presidente. Ter 80% de popularidade não credencia ninguém a ser repórter ou editor. Não existe jornalismo a favor. Não existe jornalismo feito pelo estado. Não é atributo do Poder Executivo traçar limites para o exercício da imprensa. A liberdade de expressão não pertence ao universo oficial dos gabinetes executivos, não tangencia os planos de governo e não obedece às orientações dos ministérios da propaganda. Seus limites estão estabelecidos na Constituição e eternizados na cultura dos países democráticos. Os próprios leitores e a Justiça punem os jornalistas que ultrapassam os limites éticos.

A imprensa tem sido vilanizada no Brasil por duas razões principais. A primeira decorre da noção primitiva que alguns ideólogos do petismo têm do Brasil, que para eles é uma grande e simplória terra ideal: a “PTópolis”, habitada por pessoas que têm papéis claramente definidos, como a Patópolis, de Walt Disney. Os habitantes de PTópolis também são divididos em classificações rígidas. Existem os que ocupam o andar de cima e os do andar de baixo; os pretos e os brancos; os ricos e os pobres; os bons e os maus; os produtores e os usurários; os amigos e os inimigos do rei… A segunda razão é o fato de que, quando a cúpula de PTópolis e seus corruptos do coração produzem escândalos - e eles os produzem aos montes -, a culpa nunca pode ser do líder ou de seus próximos. A imprensa livre é um estorvo em PTópolis. Ela insiste em investigar, fiscalizar e dar nome aos bois. Em PTópolis, idealmente, só deveriam exercer o jornalismo as pessoas designadas para isso pelo estado. No mundo perfeito de PTópolis não há lugar para algo imperfeito, barulhento, enxerido, investigativo, teimoso, livre, falível e, algumas vezes, até irresponsável como é a imprensa. PTópolis: ame-a ou deixe-a!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O monopólio da maldade e a grande mentira

“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos obter nosso jantar, mas da consideração que têm pelo seu próprio interesse. Dirigimo-nos, não à sua generosidade, mas ao seu amor próprio, pois nunca os comovemos pelas nossas necessidades, mas pelas vantagens que ele logrará”

Dias destes, eu estava navegando pela internet e encontrei um site que mostrava fotografias de campo de refugiado na África. Numa das fotos um abutre observava uma criança como se esperasse o momento certo para banqueteá-la, a legenda da fotografia não trazia data e local ou qualquer outra informação, apenas uma legenda que dizia que aquilo era conseqüência da exploração do capitalismo e do imperialismo das nações ocidentais como se deles fossem o monopólio da maldade.
Realmente quando se vê pelo mundo afora a má distribuição de riquezas, o flagelo de milhões de pessoas em países subdesenvolvidos vivendo em condições extremas.
Quando se vêem que tem tanto e tantos que têm tão poucos.
Quando se vê a ganância e a concentração de poder envolvido em torno da dominação e manutenção de sistemas de governos corruptos, muita gente poderia ter duvidas sobre o capitalismo e talvez você mesmo tenha tido este pensamento: “Será que o capitalista é apenas motivado pela ganância e que talvez ela não seja uma boa idéia para motivar uma sociedade e que bom mesmo são os comunistas?”.
Mas antes de se deixar levar por este pensamento é preciso saber se existe uma sociedade organizada em algum lugar do mundo que não seja movida pela ganância, se tal estado existe de fato, ou será que na antiga União Soviética não havia ganâncias ou mesmo na atual Cuba não existe ganância, ou se na China atual é desprovida de ganância.
O mundo é movido por indivíduos que perseguem seus interesses distintos. As grandes conquistas da civilização não vieram de escritórios do governo. Einstein não construiu a sua teoria por ordem de um burocrata e Henri Ford não revolucionou os processos industriais por palpites do governo.
Somente os únicos casos em que as massas escapam da situação de pobreza é através do capitalismo de que estamos falando e isto pode ser comprado pela história documentada. As sociedades que aderiram ao livre comércio são onde justamente o nível de vida e o respeito às leis dos direitos humano são respeitados e se você quer saber onde a situação de miséria é mais grave, é exatamente nos tipos de sociedade que se afastam destas medidas e o registro da historia pode comprovar tais coisas. O que esta sendo aqui afirmado é que infelizmente ainda não existe outra alternativa para melhorar a vida das pessoas comuns fora do capitalismo e da democracia.
Neste momento alguém bem intencionado pode até pensar - "Mas isso parece premiar não o mérito, mas sim a habilidade pessoal de manipular o sistema". Mas sinceramente, você acredita que os armazéns do regime comunista em Cuba ou na Coréia do norte premiam apenas o mérito pessoal e não a habilidade com que as pessoas conseguem certos privilégios dentro de tais regimes? O sistema de governo de Hitler premiava o mérito? Quem aqui acredita que Lula, o presidente do Brasil, ou dos Estados Unidos premiam apenas o mérito escolhendo somente as melhores pessoas para compor o governo como base de sustentação apenas pelo conhecimento de cada uma delas? Será que estou diante de alguém que de tão inocente acredita ser verdade que o interesse político próprio é mais nobre de que os interesses econômicos e a ambição? Então diga-me : "Onde estão estes anjos que foram enviados por Deus e que decidem todas as questões para nós?"
Adam Smith
deixou um ensinamento que faz neste momento ser lembrado: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos obter nosso jantar, mas da consideração que têm pelo seu próprio interesse. Dirigimo-nos, não à sua generosidade, mas ao seu amor próprio, pois nunca os comovemos pelas nossas necessidades, mas pelas vantagens que ele logrará”.


Foto: kevin carter, 1993

Saiba mais sobre Kevin Carter o autor desta fotografia

sábado, 24 de outubro de 2009

Ah! Saramago, Saramago!!!

Saramago prega uma estranha "Elite Global", que se arroga substituir Deus na mente e coração dos homens, para a qual o Cristianismo é um sério obstáculo. Daí o seu esforço para desacreditá-lo e para, mais tarde, substituí-lo por uma Fé estritamente materialista, mais conveniente aos seus obscuros “negócios”. Temos pena que Saramago não veja isto, sendo um homem tão preocupado com os pobres.


Exultámos quando Saramago ganhou o Nobel da Literatura. Solidarizámo-nos com ele quando a sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” foi vetada da lista concorrente a um prémio literário Europeu, em 1991, pela mão do então Sub-Secretário de Estado adjunto da Cultura, Sousa Lara. Porém agora, com o seu pronunciamento anti-bíblico em Penafiel, na apresentação do seu romance “Caim”, não podemos mais estar do seu lado, embora continuemos a ler os seus trabalhos, inclusive este último, apesar de tudo. Não faremos autocensura, como muitos o fazem. Isso seria uma birra de criança mal educada… É necessário conhecer a obra, para conhecer o seu autor. Temos dúvidas porém que Saramago o faça, ou que o tenha feito em profundidade em relação à Bíblia, que resolveu invectivar.
Pelas suas declarações, algumas roçando o anedótico, como aquela de que Deus nunca mais trabalhou depois de ter feito o Mundo e o Homem… como se o Criador fosse humano, Saramago faz uma interpretação literal do texto bíblico sem atender ao seu contexto antropológico cultural.
Nisto faz o mesmo que qualquer seita que anda de porta em porta a anunciar o fim dos tempos… só que com sinal contrário. Mais, ignora, propositadamente ou não, que o Livro do Génesis não é genuíno a respeito das narrações que faz sobre a Criação, a Tentação e Queda do Paraíso, o Dilúvio, etc., etc. Tais narrações remontam aos primórdios da Civilização, sendo algumas ainda mais antigas do que esta e de procedência diversa, o que significa que desde que o homem se libertou da sua condição puramente animal, tais questões estiveram sempre presentes no espírito dele, não tendo sido uma manipulação da Igreja. Os mitos e lendas antiquíssimos chegaram oralmente aos ouvidos de Moisés no decorrer de muitas gerações. O autor do Pentateuco limitou-se a “reescrever” a “origem das origens”, numa linguagem muito própria com sentido apologético, em ordem à coesão espiritual e social do seu povo, na longa caminhada pelo deserto do Sinai, correspondendo aos conhecimentos disponíveis na época. Nem podia ser de outro modo.
Recordemos, por outro lado, que Abraão, tido como patriarca dos povos semitas (Judeus e Árabes), que para alguns exegetas trata-se de uma personagem histórica ficcional, como Adão e Eva, criada para explicar a origem do povo Hebraico, procedeu de uma cultura pagã da Mesopotâmia.
Nesta era hábito apaziguar o furor dos deuses ou pagar-se os seus favores com sacrifícios de animais e até de humanos, prática que infelizmente ainda existe em muitas partes do Globo. Daí, numa demonstração máxima de obediência a Deus, Abraão estivesse na disposição de sacrificar o seu próprio filho, tendo acabado por sacrificar um cordeiro. Mas isso foi o seu modo, ainda pagão, de provar a sua extrema fidelidade e confiança em Jeová, seu novo deus.
A grande herança cultural e religiosa que recebemos dos homens de antanho, foi precisamente a passagem de uma religião animista, primitiva, sacrificial, para uma religião monoteísta, que com o advento de Cristo, adquiriu a sua máxima expressão humana e civilizada.
Ora, José Saramago parece não compreender isto e não compreendendo, não compreende o sentido do que é narrado desde o Génesis ao Apocalipse. A crueldade e as guerras estão lá precisamente para nos lembrar que não devemos repetir, nos nossos dias, tais “pecados”.
Infelizmente sabemos que a saga do mal está bem presente entre nós, povos civilizados, independentemente do entendimento que tenhamos da Bíblia, não sendo verdade que esta seja um manual de instruções para cometer crimes lesa a Humanidade.
Saramago embora pareça um “espírito livre”, é contudo fortemente condicionado pelo Materialismo Dialéctico, que se reflecte nas suas obras. Tal pensamento filosófico que também nos fascinou nos nossos “verdes anos”, caracteriza-se fundamentalmente por não reconhecer, em absoluto, o lado espiritual da natureza humana, ou seja, a sua ambivalência, que só é contraditória à luz do Positivismo de Auguste Comte e de seus discípulos, base da refutação e negação da Religião, como fenómeno intrínseco da condição humana. Daí ele recusar a Fé e tudo o que esta representa.
Lembramo-nos que numa certa entrevista o laureado da Academia Sueca confessou a sua incapacidade para crer em Deus, concluindo que os crentes certamente serão mais felizes do que ele por crerem na Eternidade… Esta confissão reconhece o lado puramente funcional da Religião, mas despreza por completo a experiência transcendental de milhões de homens, ao longo da História e no Presente. Tal pensamento é típico de uma doutrina que vê o Homem apenas como um animal racional e o seu cérebro, não a fonte complexa da Inteligência, quiçá a sede operacional do Espírito, mas um órgão que apenas segrega ideias, como outros que segregam os fluidos necessários ao metabolismo do organismo humano. Portanto, só matéria e nada, mais… Por outro lado, há no pensamento de Saramago um darwinismo fatalista em que tudo termina com a morte, reduzindo o homem apenas a mais uma espécie zoológica entre milhares de outras com as quais se aparenta.
No seu pronunciamento anti-bíblico em Penafiel não afrontou apenas a Fé, mas a mais fundamental obra da Cultura Judaico-Cristã, de que ele é beneficiário, quer queira ou não. Tanto que o texto bíblico já lhe propiciou duas obras. Polémicas é certo, mas, sem essa influência cultural benigna, apesar da crueldade que ele faz questão de salientar, não as poderia criar e se as criasse, não teria certamente mercado… Ora ninguém escreve do nada para ninguém…
Nesta sua cruzada contra Deus e a Religião, mais em particular, contra o Cristianismo, Saramago acaba por fazer coro, conscientemente ou não, com os propósitos fracturantes da Nova Ordem Económica e Social, concebida e dirigida por homens como Rockfeller, Rothschild, Henry Kissinger, etc., os quais preconizam desde há muito a redução da Humanidade a 1/3, alegando um excesso de população mundial em razão dos recursos disponíveis, o que não é verdade.
Não o é, porque ninguém ainda foi capaz de o demonstrar, independentemente da Economia vigente que é, esta sim, a responsável pela fome no mundo, pelos profundos desequilíbrios sociais e por uma injusta redistribuição da riqueza mundial criada. Para tanto, tais ideólogos do Governo Mundial criaram e mantém várias agências (ONGs), sob diferentes designações, algumas aparentemente inocentes e até filantrópicas, que por todo o mundo promovem a cruel doutrina da “morte assistida” (o aborto social e a eutanásia) e o prazer sexual fora do contexto natural. O programa de educação sexual que se pretende implementar em Portugal, por exemplo, é um autêntico convite à perversão sexual, cuja origem reporta-se a tais organizações. Tais agências funcionam como lobbies junto dos Governos Nacionais pressionando a adopção de políticas que cumpram os desígnios da Elite Global, algumas já reguladas pela lei, das quais o Mundo Ocidental já se recente, pelo crescente envelhecimento da sua população por falta de uma taxa de nascimentos que a rejuvenesça.

A obsessão de Saramago pela mítica crueldade que retira literalmente da Bíblia, fruto de uma exegese sem fôlego antropológico, fá-lo esquecer a actual, que é uma crueldade ditada não pela mão de Jeová, mas pela Elite Global, que se arroga substituir Deus na mente e coração dos homens, para a qual o Cristianismo é um sério obstáculo. Daí o seu esforço para desacreditá-lo e para, mais tarde, substituí-lo por uma Fé estritamente materialista, mais conveniente aos seus obscuros “negócios”. Temos pena que Saramago não veja isto, sendo um homem tão preocupado com os pobres.


Por: Artur Rosa Teixeira
artur.teixeira1946@gmail.com

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre os nordestinos de Lula

E os nordestinos que Lula defendia quando emprestou seu apoio a Renan Calheiros, José Sarney e Fernando Collor? Ele estava mesmo pensando na emancipação do povo, no fim da indústria da seca e dos desmandos? Mas não é só isso.

Está claro, e os blogueiros de aluguel já insistem na estupidez, que o PT tentará caracterizar José Serra como antinordestino. E a imprensa brasileira vai dizer se vai colaborar ou não com o partido na tática da difamação — que em nada fica a dever a qualquer pregação preconceituosa. Explico-me: o mesmo mecanismo que leva alguém a fazer propaganda contra nordestinos (ou contra mulheres, negros, gays, gordos, sei lá eu…) — e isso seria digno de repúdio — leva a acusar o “outro” de ser contra nordestinos (ou mulheres, negros etc) quando sabe que isso é, obviamente, falso.

Se faço tal acusação contra um adversário meu na esperança de que isso possa prejudicá-lo, espero que eventuais desigualdades sociais ou disparidades regionais sejam usadas como mecanismo de retaliação. Ora, ninguém aciona esse botão para resolver o problema; isso é feito na esperança de que surja um “sentimento coletivo dos discriminados” contra alguém, que é só a força contrária do “sentimento de alguém” contra os “discriminados”. A acusação, entendo, é um crime similar ao do preconceito ele-mesmo. E se trata, é óbvio, de uma vigarice.

Como bem indagou a leitora Yara Chiara, eram os nordestinos que Lula defendia quando emprestou seu apoio a Renan Calheiros, José Sarney e Fernando Collor? Ele estava mesmo pensando na emancipação do povo, no fim da indústria da seca e dos desmandos?Mas não é só isso.

Eis uma briga que Serra deveria comprar. Será mesmo que os “nordestinos pobres de Lula” vivem melhor do que os “nordestinos pobres de Serra”? Será mesmo que Lula deu mais assistência aos nordestinos do Nordeste do que dá São Paulo aos que vivem e trabalham no Estado? Será que os nordestinos de baixa renda do Nordeste, que Lula parece tomar como o fundo do seu quintal, dispõem dos mesmos programas sociais de que dispõem os de baixa renda da cidade de São Paulo?

Pois eu lhes digo — e pouco me importa a popularidade de Lula na região: se o critério for este, então quem não gosta de nordestino é Lula. São Paulo gosta. E ele próprio é o melhor exemplo do que estou dizendo. Há mais programas sociais e escolas na antiga favela de Heliópolis — onde há grande contingente de nordestinos — do que em qualquer cidade pobre daquela região. Mas não só lá.

Nordestinos de todas as faixas de renda se espalham em todos os bairros a cidade de São Paulo e dispõem, cada vez mais, de aparelhos públicos com os quais as áreas miseráveis do Nordeste nem podem sonhar. A razão é simples: em vez de pirotecnia, discurso demagógico e megalomania, tem-se assistência social crescente, como hospitais e postos de saúde. Eu desafio Lula a provar que o nordestino pobre do Nordeste, que ele toma como propriedade sua, dispõe de serviços melhores do que o nordestino pobre de São Paulo.

“Ah, você está comparando coisas diferentes! Então os governos dos Estados é que deveriam estar sendo cotejados”. Não estou, não! A ilação vigarista sobre Serra não gostar de nordestinos é de Lula e do PT. Se ele, em vez de torrar bilhões na obra megalômana do São Francisco, tivesse se dedicado à simples construção de cisternas, muitas pessoas que hoje ainda bebem água barrenta estariam bebendo água potável. Muita morte por desidratação teria sido evitada.

Se é assim, o negócio é ir aos números.


Por : Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A prostituição e a nova moral no paraíso socialista

Você sabia que o que realmente se passa é que Cuba não tem nada para vender, nem com que pagar o que compra, indústrias são muito atrasadas em tecnologia, improdutivas e sem competivividade e que as jineteras, as prostitutas cubanas, são o que há de mais moderno em Cuba dentro da nova moral revolucionária rumo ao comunismo?


Você sabia que em Cuba o talão de racionamento está calculado para 1.800 calorias por pessoa e que muitos produtos mencionados no talão só existem em fantasia, enquanto outros aparecem e desaparecem conforme as colheitas?
Você sabia que quatro anos atrás o talão de racionamento era de 1.600 calorias, que houve uma epidemia de doenças mentais e de crianças nascidas defeituosas, que Fidel lançou a culpa disso sobre uma suposta guerra biológica empreendida pela CIA, que a Organização Mundial da Saúde descobriu que era um problema de avitaminose causada pelo racionamento de vitaminas e proteínas, que a OMS então enviou pastilhas multivitamínicas para socorrer a população cubana e obrigou o governo a subir a ração para 1.800 calorias?
Você sabia que em Cuba não se consegue obter, porque não constam do talão de racionamento, nem papel higiênico, nem sabonete, nem toalhas sanitárias, nem leite para adultos, entre outras coisas?
Você sabia que em Cuba está proibido o acesso dos cidadãos à internet, que dá cadeia ler coisas proibidas pelo regime, ouvir rádios e ver estações de TV estrangeiras, que é delito opinar contra o regime, que os Comitês de Defesa da Revolução, que funcionam em cada quarteirão, mantêm um registro das atividades de todos os moradores e que quem conste como suspeito de não apoiar o regime está encrencado?
Você sabia que em Cuba os encanamentos estão obsoletos e estragados e mais de 50 por cento das casas não recebem água diretamente? Que a água, onde chega, é somente por algumas horas, e que, onde não chega, os caminhões-pipa só vêm uma vez por semana?
Você sabia que em Cuba a eletricidade só funciona algumas horas por dia, que os apagões são diários, estragando os poucos equipamentos elétricos que restam na ilha?
Você sabia que Fidel justifica sua revolução por seus supostos êxitos na saúde e na educação, mas que em matéria de saúde Cuba está no quinto lugar na escala latino americana segundo as estatísticas mais recentes da OMS (abaixo, por exemplo, do Chile, da Argentina e do Uruguai)? Você sabia que em educação Cuba está abaixo do Chile, da Argentina, do Uruguai e da Costa Rica, segundo a Unesco?
Você sabia que no convênio Cuba-EUA, firmado por causa da multiplicação de balseiros fugitivos, os EUA recebem anualmente 22 mil cubanos, só em imigração legal, enquanto na lista da Seção de Interessados, em Havana, constam mais de 700 mil aspirantes a ir embora para Miami, embora todos os fichados como emigrantes virtuais sofram as piores represálias, sejam condenados a trabalhos forçados e seus filhos sejam obrigados a freqüentar escolas especiais de "reeducação revolucionária"? Você sabia que, apesar de todos os riscos, quem tenha acesso a uma embarcação e a uma bússola se lança ao "mar da felicidade", fugindo daquele inferno?
Você sabia que Fidel usa como desculpa de seu tremendo fracasso o suposto bloqueio do imperialismo internacional, ao mesmo tempo que seu chanceler Perez Roque se gaba de que Cuba tem relações comerciais com 115 países e de que recebe créditos preferenciais do Banco da União Européia?
Você sabia que o que realmente se passa é que Cuba não tem nada para vender, nem com que pagar o que compra, que suas indústrias são muito atrasadas em tecnologia, improdutivas e sem competivividade, com uma burocracia excessiva e um enorme desemprego, dirigidas por líderes políticos e personagens fiéis à revolução e não por uma gerência profissional?
Você sabia que as jineteras, prostitutas cubanas, são o mais moderno exemplo da mais nova moral revolucionária?

Por último:
Você sabia que Cuba é o último reduto de um sistema que foi expulso a pontapés pelos povos da Europa Oriental, que os habitantes desses países consideram que aquilo foi um pesadelo que não querem recordar, e que os Partidos Comunistas, envergonhados e desprezados, mudaram de nome para enganar com nova máscara?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A última democracia da américa latina pode estar chegando ao fim

Em Honduras, a justiça o congresso a imprensa a Igreja e os sindicatos… Cada instituição ou ente da República vivia na plenitude de seus direitos. Era assim até que Lula irrompesse no cenário. O que está em jogo em Honduras é mais do que reinstalar ou não Zelaya no poder. É saber qual é o limite da dita soberania de um governo eleito pelo povo. Será ele tão poderoso que pode afrontar a própria Constituição que dá legitimidade à escolha democrática? Ora, para um democrata, a resposta óbvia é “Não”.


A tentativa levada a efeito por Hugo Chávez, Lula e Daniel Ortega de reinstalar, à força, Manuel Zelaya no poder, em Honduras, obedece a uma espécie de diretriz das esquerdas latino-americanas: evidenciar que os Poderes Legislativo e Judiciário nada podem contra um “presidente eleito pelo povo”, pouco importa o que ele faça e como se comporte. As urnas confeririam ao eleito uma autoridade que estaria acima da própria Constituição. Assim se deram as “mudanças” na Venezuela, na Bolívia e no Equador. O primeiro país já é uma ditadura; os dois outros estão a caminho, seguidos de perto por Nicarágua. Não pensem que Lula é estranho a este sentimento. É que, no Brasil, as coisas têm de ser feitas de outro modo. O fato é que estamos, no continente, diante de uma óbvia hipertrofia do Poder Executivo, que passa a reivindicar o poder absoluto ancorado na “legitimidade popular”. A fórmula, assim, fica simples: “Zelaya foi eleito? Então tem de governar”, pouco importa se de acordo com a Constituição ou contra ela.

Por isso a conspirata de agora contra o governo hondurenho. A verdade cristalina, evidente, comprovada pelos fatos, é que Honduras, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelo estúpido isolamento a que vem sendo submetida depois da deposição constitucional de Manuel Zelaya, estava vivendo relativamente em paz. E o advérbio fica por conta das naturais dificuldades que enfrenta um país nessas condições. Justiça, Congresso, imprensa, Igreja, sindicatos… Cada instituição ou ente da República vivia na plenitude de seus direitos. Era assim até que Lula irrompesse no cenário.

Não custa lembrar: Zelaya foi deposto para que a lei se cumprisse.

Ocorre que Hugo Chávez anunciou o que chamou de “golpe”, o Brasil seguiu atrás como cachorro vagabundo atrás do caminhão de gás, e José Miguel Insulza, o asqueroso socialista chileno que preside a OEA, estrilou e anteviu guerra civil… Aí veio o governo de Barack Hussein, que terceirizou para Madame Clinton o “setor América Latina”. E a imprensa mundial, incluindo a brasileira, que chega a estar infiltrada pela assessoria de imprensa de Celso Amorim, saiu, bovinamente, a protestar contra o “golpe”.

Que golpe? A Constituição evidencia que Zelaya caiu para preservar as instituições. Ele estava fazendo um plebiscito declarado ilegal pela Justiça e rejeitado pelo Congresso. Deu ordens ao Exército que contrariavam a Constituição. Foi deposto pela Justiça.

Honduras vivia, então, relativamente em paz. Cedo ou tarde, o governo que saísse das urnas acabaria sendo reconhecido. Mas uma novidade insuportável estaria dada para Lula, bolivarianos e seus amigos: O presidente que recorrer às eleições para afrontar a constituição cai. E é derrubado democraticamente. O próprio Lula, pesquisem, chegou a comentar: “Se isso vira moda…” Pois é, se isso “vira moda”, o bolivarianismo vai para o vinagre. Honduras, com efeito, é um país pequeno demais para incomodar tanto. a questão é de princípio para os autoritários. Eles precisam da soberania absoluta - e absolutista - das urnas para levar adiante o seu projeto de ditadura.

Assim, Lula, Ortega e Chávez se articularam para instaurar em Honduras o caos, a desordem, o clima de guerra civil. E pouco se importaram ou se importam com o destino dos hondurenhos. A sorte do governo provisório - e da população - é que Zelaya tem o apoio de uma minoria que chega a ser ridícula. Por isso, os distúrbios de rua são contidos com relativa facilidade. Chávez estava e está determinado a provocar um banho de sangue no país, como ficou evidente nas duas outras vezes em Zelaya tentou voltar. Na semana seguinte ao conflito, esquerdistas da Venezuela e da Nicarágua foram presos no país. Estavam lá com o único fito de participar das manifestações.

O que está em jogo em Honduras é mais do que reinstalar ou não Zelaya no poder. É saber qual é o limite da dita soberania de um governo eleito pelo povo. Será ele tão poderoso que pode afrontar a própria Constituição que dá legitimidade à escolha democrática? Ora, para um democrata, a resposta óbvia é “Não”. O povo não é soberano para rasgar a Constituição que declara a sua soberania, entenderam? E isso significa que há regras. As da Constituição hondurenha foram violadas por Zelaya.

Trata-se, em suma, de um choque entre a legalidade democrática e, se me permitem o populismo absolutista. Houvesse um governo nos EUA e não um garoto-propaganda das ONGs, que tem a ambição de governar o país a partir da TV e da Internet, isso já teria ficado claro há tempos. E esses ratos gordos não estariam tão assanhados. O problema é que o gato está cuidando da maquiagem para mais um espetáculo, mais uma entrevista, mais um show midiático.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Lula não precisou estudar porque nasceu inteligente

"O conhecimento que nós aprendemos na universidade é apenas um aperfeiçoamento daquilo que a nossa inteligência contém”, para Lula uma pessoa não precisa estudar porque já nasce sabendo o que precisa saber


Ao participar da cerimônia de posse do primeiro juiz cego do Brasil -Ricardo Tadeu da Fonseca, no TRT da 9ª Região-, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o preconceito é “uma doença que ainda não desapareceu na sociedade”, mas que é preciso combatê-lo “com perseverança”. Ele citou seu próprio exemplo, por ter chegado à Presidência da República.
“A história da humanidade vai escrever um dia que o Brasil talvez seja o primeiro país do mundo que elegeu um presidente e um vice que não têm diploma universitário”, disse.
Para o presidente, “o conhecimento que nós aprendemos na universidade é apenas um aperfeiçoamento daquilo que a nossa inteligência contém”.
“Talvez minha deficiência, diferentemente da do Ricardo, seja deficiência intelectual”, ironizou Lula.
Antes de ser nomeado desembargador, Fonseca foi procurador do Ministério Público do Trabalho. Desde o nascimento, o magistrado sempre conviveu com problemas de visão. Aos 23 anos, perdeu completamente as funções visuais.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Homem pega dois anos de cadeia porque disse passar fome em Cuba



Em julho, Pánfilo, interrompeu a gravação de um documentário sobre música urbana em Cuba e gritou: "Aqui há muita fome, o que é preciso é 'jama' [comida, em gíria cubana]".


Um tribunal de apelação de Havana ratificou nesta quinta-feira (10/09/09) a condenação a dois anos de prisão contra um homem que protestou diante de câmeras de televisão por passar fome, disseram fontes da dissidência interna em Cuba.

O Tribunal Provincial de Havana considerou que Juan Carlos González Marcos, de 48 anos, conhecido como Pánfilo, incorreu no crime de "desvinculação laboral", segundo Richard Rosselló, da Comissão Cubana pelos Direitos Humanos e pela Reconciliação Nacional (CCDHRN), que esteve na audiência como observador.

Segundo Rosselló, a "desvinculação laboral" é similar à vadiagem e é considerada como crime na ilha.

Segundo a decisão judicial, a sentença é inapelável e Pánfilo passará os dois anos de prisão na penitenciária de Toledo 2, na periferia de Havana.

Em julho, Pánfilo, interrompeu a gravação de um documentário sobre música urbana em Cuba e gritou: "Aqui há muita fome, o que é preciso é 'jama' [comida, em gíria cubana]".

A intervenção de Pánfilo teria passado despercebida se não tivesse sido postada no site de vídeos Youtube, onde teve mais de 400 mil exibições. A partir daí, houve a criação de grupos de apoio ao cubano.

Ao ver a repercussão de suas declarações, Pánfilo se retratou em um vídeo posterior, mas isso não o livrou de ser detido e julgado 12 de agosto, em uma audiência a portas fechadas.

A imprensa não teve permissão para assistir a audiência. O próprio advogado do acusado se negou a dar entrevistas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O culto ao homossexualismo

Os homossexuais são perseguidos em Cuba e no Irã; no entanto, qual movimento homossexual se preocupa com isso? As feministas protestam contra o modo de vida do mundo islâmico? E os militantes negros já se preocuparam com a situação dos seus similares africanos sob o tacape de ditaduras tribais e corruptas, além de genocidas? Ah sim, a maldade humana é monopólio da cultural ocidental, da raça branca, dos machos e dos heterossexuais!


A primeira coisa que me vem à cabeça quando eu observo as características fundamentais do movimento negro, feminista e homossexual, é que eles são praticamente idênticos aos modos, expressões, cacoetes verbais, sectarismos e formas de organização do Partido Nazista ou de quaisquer agremiações de natureza totalitária, como o Partido Comunista. Em particular, a tropa de choque do Partido Nazista, a chamada SA (SturmAibtelung), era infestada de homossexuais. A camaradagem era uma sutil forma de homoerotismo, associada ao culto narcísico da raça, dentro do Partido. Tais práticas eram, inclusive, discretamente incentivadas. O principal chefe deles e seu financiador, o capitão Ernst Röhm, era um homossexual assumido, e sob sua direção, a ala radical do Partido Nazista era uma confraria de pederastas, unidos pela lealdade espiritual e sexual.

Há de se compreender uma questão que não parece muito óbvia: os chamados "movimentos sociais" de cunho feminista, homossexual ou negro são organizações de massa criadas pelo Partido Comunista. A diferença é que se inverteu o culto grupal de classe do marxismo clássico, para o culto da raça, do sexo, da sexualidade ou de qualquer outro conceito arrebanhador. A esquerda revolucionária mudou o foco da questão. A luta de classes é agora transformada em luta de raças, de sexos, de comportamentos sexuais, enfim, de qualquer coisa. Eles guardam todo o sentido de seita religiosa, mesclado com o narcisismo coletivo de suas características particulares. E como é inevitável, a homossexualidade é um elemento fortíssimo na mensagem traduzida nas exigências destes grupos.

Interessante notar o culto idolátrico da feminilidade no discurso das feministas radicais. Na verdade, se há algo estranho no seu projeto é que a mulher feminista não é necessariamente "feminina". Ouço de certas criaturas raivosas do belo sexo: a mulher precisa reivindicar os "direitos reprodutivos" sobre o corpo; o macho é a criatura terrível que explora e oprime as mulheres; o casamento é a opressão das fêmeas; o patriarcalismo é o maior de todos os males, etc. O mal destas conjecturas é que a mulher real não faz parte do programa feminista. Tudo o que as feministas raivosas exigem é uma idealização delas próprias como vestais de uma casta, como se o mero fato de ser mulher demandasse exclusividades, idiossincrasias, caprichos loucos. A contradição é notória: os "direitos reprodutivos", por assim dizer, são a negação da reprodução e o aborto irrestrito; o ódio contra o macho frustra a mulher; e a rejeição ao casamento dessacraliza o amor entre o casal ou mesmo prostitui a relação. É paradoxal que as feministas façam escândalo contra a "exploração sexual" feminina e sejam contrárias ao casamento; critiquem a prostituição e defendam a liberação sexual irrestrita. Ou na pior das hipóteses, paradoxalmente elevem a prostituta como sinônimo moral de emancipação da malvada sociedade "burguesa" e condenem a mulher honesta e dedicada ao marido.

Neste ínterim, o erotismo feminista é completamente distorcido, doentio, caricatural. Há um componente homossexual poderoso nessa relação dúbia de perspectiva sexual, um estranho medo de enfrentar o sexo oposto. Por outro lado, o ódio à maternidade é outro aspecto da loucura do movimento feminista: a perversão de linguagem dos tais "direitos reprodutivos" implica negar a maternidade da mulher. É como se a maternidade mesma fosse uma espécie de escravidão da natureza e que para abortar essa qualidade, aborta-se também a vida gerada pelo ventre da mãe. E a apologia contraditória da prostituição é uma forma de isentar a mulher das relações sólidas de amor ao homem. O sexo esporádico, ocasional, ou mesmo comercializável, é o reflexo disso. Em suma, o feminismo, como dizia Nelson Rodrigues, é inimigo da mulher. Quer transformá-la numa espécie de macho imperfeito. O lesbianismo narcisista não é mera coincidência. E o número de lésbicas no movimento feminista é algo assombroso!

A homossexualidade no movimento negro não é algo, à primeira vista, perceptível. Quando o chefe do movimento gay da Bahia Luiz Mott fez insinuações sobre a homossexualidade de Zumbi dos Palmares, alguns militantes negros ficaram furiosos e quase surraram o pederasta. No entanto, o culto narcísico da raça lembra muito os modos de organização nazistas. Eles já exigem diferenciações raciais através da legalidade vigente; pregam de forma sistemática a discriminação racial, ainda que com sua vertente "afro" de racismo. Não me surpreenderia se algo assim degenerasse no homossexualismo pleno da raça eleita. A egolatria racialista acaba se tornando culto sexual de seus membros. Porém, o discurso ideológico deles não é só nacional-socialista; é comunista também.

Entretanto, de toda a loucura intrínseca destes movimentos, sem duvida, a militância homossexual é a mais psicótica, a mais assustadora, a mais representativa dessa anormalidade totalitária. Os movimentos gays não se contentam em exigir "liberdade sexual": querem transmutar completamente os comportamentos sexuais morais da sociedade e invertê-los em algo que agrida totalmente a natureza biológica e psicológica do ser humano. Se os homossexuais radicais tivessem o poder de modificar a espécie humana, a conduta sexual predominante seria totalmente homossexual, tamanha rejeição que este grupo tem pelo sexo oposto. Todavia, sabe-se que isso, na prática, é impossível. Nem por isso os homossexuais se contentam com essa realidade: como não podem mudar o caráter biológico da espécie humana, querem sim inverter a hierarquia de valores no que diz respeito ao sexo. Quando o movimento gay exige leis "anti-homofóbicas" para tenta criminalizar qualquer crítica contra a conduta homossexual ou mesmo criminalizar os sentimentos e pensamentos cristãos da comunidade, ele está querendo ditar idéias, palavras do imaginário e princípios éticos. Ou seja, se qualquer crítica a homossexualidade pode causar sanções penais aos seus críticos, o inverso não é verdadeiro: os homossexuais podem destruir os modelos familiares vigentes, inverter os padrões sexuais da sociedade e transformar a homossexualidade num culto sacralizado. Contudo, o movimento homossexual não se limita a isso: a destruição dos padrões saudáveis da heterossexualidade demanda também a exigência de "direitos sexuais" sobre os menores. Em outras palavras, o movimento homossexual reivindica o direito à pedofilia.

É curioso que essas turmas de indivíduos loucos falem de seus esquemas grupais em nome de defender as "diferenças", a "diversidade sexual" ou "racial" e outras tolices propagandísticas, quando, na prática, são incapazes de aceitar as dissidências dentro do seu próprio meio. A feminista radical não aceita a mulher não-feminista; o movimento negro não tolera o negro ou pardo que se recusa a se "vitimizar" e culpar os brancos de todas as misérias; por vezes, os pardos são até rejeitados por não serem suficientemente negros; e o movimento homossexual rejeita, denuncia ou tenta destruir reputações de homossexuais que não aderem ao movimento, usando dos mesmos "preconceitos" da sociedade para difamá-los. Não foi isso que ocorreu no caso do deputado federal Clodovil Hernandes ou quando a defensora-mor dos homossexuais, a petista Marta Suplicy, insinuou maldades sobre a sexualidade do seu rival, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, na eleições municipais?

Não se está querendo dizer aqui que o componente homossexual seja o elemento central desses grupos. Na verdade, o componente central da organização revolucionária é a completa distorção do sentido de compreender a realidade tal como ela é. O que move milhões de pessoas nessas agremiações é a frustração existencial, a incapacidade de aceitar os fatos como eles são. E quem os lidera são pessoas inescrupulosas, verdadeiros psicopatas sedentos de poder. Impressionante, entretanto, é o componente homossexual que há nisso, o elemento de culto coletivo e narcisista que há nestas formas de organização. Há uma compensação existencial em sentir-se importante, especial, quando alguém se insere num grupo de pessoas que se auto-idolatram por particularidades que não acrescentariam nada a ninguém. A organização massificada desses grupos isenta os seus membros de responsabilidades e deveres comuns a todos.

A ditadura politicamente correta
imposta sobre os meios culturais perverte a capacidade de expressão e raciocínio das pessoas, patrulha-as, molda-as, imbeciliza-as. A queda dos padrões de qualidade do discurso das universidades, da imprensa e dos meios culturais é visível a notória. Há uma esquizofrenia retórica em que, no geral, as pessoas são obrigadas a falar algo que não vivenciam, não acreditam, não concordam, mas que são obrigadas a repetir, medrosas que são das chantagens psicológicas desses grupelhos revolucionários. É o mesmo fenômeno que ocorria na União Soviética e em demais países totalitários: as pessoas são obrigadas a enganar os seus sentidos, sua percepção da realidade, para anularem suas consciências e repetirem as mentiras do Partido único. Espantoso é perceber que os mesmos movimentos sectários defendam formas políticas que desprezam e eliminam as minorias. Os homossexuais são perseguidos em Cuba e no Irã; no entanto, qual movimento homossexual se preocupa com isso? As feministas protestam contra o modo de vida do mundo islâmico? E os militantes negros já se preocuparam com a situação dos seus similares africanos sob o tacape de ditaduras tribais e corruptas, além de genocidas? Ah sim, a maldade humana é monopólio da cultural ocidental, da raça branca, dos machos e dos heterossexuais!

A cultura politicamente correta é uma reprodução, sob uma versão nova, sofisticada e dinamizada, da ideologização totalitária que ocorreu nos sistemas ditatoriais controlados pelos partidos comunistas. Essa intoxicação ideológica, atualmente, domina os centros culturais em nossa democracia. O Partido, por assim dizer, não é uma instituição, mas uma cultura de policiamento dentro de um imaginário de paranóia lingüística e verbal difusa. E os sectários, vestais de todo tipo estranho da homossexualidade partidária, com seus "coletivos" culturais e suas ideologias espalhadas por todas as esferas do pensamento, são os cães de guarda desse novo tipo de sistema, que escraviza, enfraquece e idiotiza a população. Da árvore conhecereis os frutos. A democracia, cada vez mais ideologizada, vai se tornar uma ditadura dessas minorias esquizofrênicas e auto-idolátricas!